Conversa no MSN – Aula da Saudade.

Marcos Sampaio diz: Pode falar?

Iêda diz: Fale, depois eu respondo…

Marcos Sampaio diz: fui escolhido pela turma de formandos (minha 1ª turma que se forma) como Amigo da Turma.

Iêda diz: Mmm. Muito bom!

Marcos Sampaio diz: Além disso, foram-me grassos em me escolher para proferir a aula da saudade.

Iêda diz: Vc é um grande amigo mesmo! Acho que vai ser amigo, patrono e essas coisas de todas elas. Rs.

Marcos Sampaio diz: Será amanhã, pela manhã.

Iêda diz: Natural que seja vc… Isso é uma delícia!

Marcos Sampaio diz: O que você acha que devo dizer? Dê-me uma idéia…

Iêda diz: Eu? Oxe… rs. Puxa… Que desafio maravilhoso! Vou pensar em algo…
A minha professora escolhida para a aula da saudade contou a vida dela. Não foi muito bom, não. Pelo menos uma dica: não fale de vc. Isso ficou como lição para mim. Rs Talvez seria interessante perguntar a alguém sobre alguns pontos interessantes que eles viveram e dar uma pincelada nisso… Caso vc tenha tempo…
…Falar sobre a singularidade que há em ter passado quatro/cinco anos como alunos e agora assumirem uma vida profissional… É um prazer, um orgulho, mas uma “responsa” sem fim. Rs.
Aluno erra e todo mundo perdoa. Profissional, não. É como se estivessem ficando ‘grandes’ agora.
Vou pensar em algo bem legal… E volto quando puder. Talvez mande algo para vc por e-mail.

“Diego não conhecia o mar.
O pai Santiago Kowadlof levou-o para que descobrisse o mar.
Viajaram para o sul:
Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai conseguiram atravessar aquela altura de areia,
o mar estava na frente dos seus olhos.
E foi tanto a imensidão do mar,
foi tanto o seu fulgor que o menino ficou mudo de beleza.
E quando conseguiu falar
Tremendo e gaguejando, pediu ao pai:
ME AJUDE A OLHAR!”

Marcos Sampaio diz: Lindo!

Iêda diz: Esse aí é um texto de Eduardo Galeano. Ele tem-me inspirado… Não sei como encaixar na sua fala… mas pode ser aproveitado.
Talvez seja interessante falar que olhar, a partir agora, terá mais criticidade… Será um olhar mais apurado… Olhar de um maior… (“peraí” que vou ver quem é Eduardo)… mas será necessário também humildade, Sensibilidade….
Sentimento de que ainda se está a caminho…

Marcos Sampaio diz: Chegou o seu dia e ainda olho em volta em busca de algo para presentear-lhe. Nada encontro que seja suficientemente bom. Eu queria dar-lhes mais do que alcanço.

Iêda diz: Quando se dá amor, a “forma de embrulhar é com um abraço…”
Dia da Saudade tem que ser dia de poesia… de muita emoção mesmo.
Leve Drummond. Quintana…

Marcos Sampaio diz: Acho que estou no caminho certo… Isso!

Iêda diz: Sim, está. Sempre está. E eu sou orgulhosa disso. Queria estar lá…

Marcos Sampaio diz: Kakaka…

Iêda diz:


“A saudade faz bem ao amor, pois que é justamente na dor da separação que o coração faz a operação mágica de re-encantar os amantes que o cotidiano só faz banalizar. Saudade é um buraco dolorido na alma. A presença de uma ausência. A gente sabe que alguma coisa está faltando. Um pedaço nos foi arrancado. Tudo fica ruim. A saudade fica uma aura que nos rodeia… Infelizmente, o amor é feito com muitos nunca mais” – a expressão mais triste que existe. (Aos Namorados, com Carinho…, Sobre o Tempo e a EternaIdade – Rubem Alves)

“Você não entende porque a gente chora diante da beleza? A resposta é simples. Ao contemplar a beleza, a alma faz uma súplica de eternidade. Tudo o que a gente ama a gente deseja que permaneça para sempre. Mas tudo o que a gente ama existe sob a marca do tempo. Tudo é efêmero. Efêmero é o por do sol, efêmera é a canção, efêmero é o abraço, efêmera é a casa construída para o resto da vida. A gente chora diante da beleza porque a beleza é uma metáfora da própria vida.” (Cantiga Triste, Sobre o Tempo e a EternaIdade)

Marcos Sampaio diz: Lindo. Muito lindo! O que acha?

Moça, olha só o que eu te escrevi:
“É preciso força pra sonhar e perceber
que a estrada vai além do que se vê
Sei que a tua solidão me dói
e que é difícil ser feliz
mas do que somos todos nós
você supõe o céu
Sei que o vento que entortou a flor
passou também por nosso lar
e foi você quem desviou
com golpes de pincel.
De ALÉM DO QUE SE VÊ (Marcelo Camelo)

Iêda diz: Puxa…

Marcos Sampaio diz:

“As leis não bastam. Os lírios não nascem das leis” – CDA.

Iêda diz: Lindo! Estou emocionada.

Marcos Sampaio diz: Que bom.

Iêda diz: Acho que vou copiar isso tudo. Rs

Marcos Sampaio diz: Com o que especificamente???

Iêda pensa: Com o quê? Ele ainda pergunta?!

Iêda diz: O texto do Marcelo. O CDA… Rs.

“Há quem passe pelo bosque e só veja lenha para a fogueira.” (Tolstoi).

Volto já.

Giulia e o aniversário de boneca.

Tia Nane – como toda tia maravilhosa – ficou o dia inteiro fazendo bolo de chocolate, brigadeiro, enchendo bolas de soprar… A idéia era fazer um aniversário de boneca. De uma das bonecas de Giulia. A filhinha de Joe Edman, meu namorado, que tem três anos de idade.
Tenho muito a falar de Giulia. Uma delícia de criança!
Eu gostaria de pontuar hoje uma questão.
Para comemorar eu teria escolhido a mais bonita boneca. Afinal, tiraríamos fotos daquele momento! Tudo ficaria registrado. Mas, não! Aquele ‘anjinho’ escolheu, dentre tantas outras bonecas que possui, uma bonequinha velha e sem braço para ser a aniversariante daquele dia. Eu não entendo.
Eu e Joe ficamos rindo. Além de tudo, a bonequinha não era de Giulia. Era minha boneca.
E vem outra questão: além de velha, sem braço e feia, nem era sua a aniversariante.
Como é que se dá, então, o pensamento de uma criança de três anos?
Em primeiro lugar, penso que passa por aquele coraçãozinho uma imensa beleza e despreendimento de si mesma. A idéia de propriedade está além de si.
O avesso do que nos faz mesquinhos e pequenos é o que faz crianças terem sinal de santidade.
Depois, a marca de simplicidade.
Qualquer outra pessoa escolheria a mais linda boneca de sua coleção. Daria um jeito de mostrar aos outros que é proprietária de algum poder. Uma boneca grande, cara e bonita representaria status, talvez. Em nossa sociedade se privilegia muito mais o ter em detrimento do que se é.
Outro ponto que gostaria de ressaltar é a independência de pensamento. É provável que algum adulto tenha sugerido (ou insistido) à Giulia a escolha por outra boneca. Ela preferiu a bonequinha velha sem braço.
Uma delícia aquela menina!
O aniversário foi um encanto. Inesquecível.
Fica a lição: eu quero ser independente. Quero ser simples. Quero ser bela.
Como Giulia.

“Para todo tropeço, rios de misericórdia.”


Quando ninguém nos compreende Deus percebe nosso coração, nos vê e perdoa.
Além de nos amar incondicionalmente.
Ontem eu estava vindo de Salvador para Jequié com Joe e ouvi em seu i-pod uma música de Jorge Camargo que falava assim mais ou menos: ‘para todo tropeço, rios de misericórdias.’ Coisa linda, não é?
E eu fiquei me perguntando: como é que Deus nos acolhe e ama mesmo quando erramos?
Será que é porque cria nele um sentimento de proteção quando todo mundo nos aponta o dedo?
Eu tenho um sentimento de mãe imenso. Se algum amigo meu erra e todo mundo lhe julga mal, eu me ponho num lugar de amor e compreensão, tento acolhê-lo… Defendê-lo das pessoas. Isso é amor.
Mas no caso de Deus eu re-pensei melhor essa questão.
Ele não apenas nos ama: além do amor imenso, sua graça está sempre presente, incondicionalmente.
É difícil entender isso pois temos a idéia de correção, de retidão, de castigo… Talvez pelo ranço da ditadura, nos acostumamos a viver julgando as pessoas. É como se nossa mente fosse autoritária e autoritarismo (que é diferente de autoridade) fosse para nós algo altamente tolerável. Ou então isso de julgar os outros esteja no coração do homem. Intrínseco, carente de cura e revisão.
Deus, não. Ele não nos julga porque conhece o que vai em nosso coração quando vacilamos.
Ele mesmo foi quem nos fez.
Nos compreende.
Nos aceita como somos e crê que podemos nos humanizar cada dia mais.
Como diria Paulo Freire: ‘o homem possui vocação ontológica de ser mais.’ (Gosto tanto dessa frase!).
O criador sabe o que vai em nossa existência e o que nos move intimamente.
Então sou levada a dormir em paz, cheia de sua graça.
Se isso não for graça – perdão e acolhimento mesmo quando estou no fundo do poço – eu não entendo mais nada.

Limites e compatibilidades entre o ser e o ter.

Ontem eu estava num dos salões do centro daqui de minha cidade aguardando uma pessoa e presenciei uma cena interessante.

Chegou um rapaz muito bem arrumado, desses que a gente costuma chamar de ‘metrosexual’. Todo arrumadinho, cheio de etiquetas, alto, loiro e elegante. Uma figura bonita. Ele havia ido ali clarear ainda mais o cabelo. Talvez fazer as unhas…

O que me fez refletir é que além do maravilhoso e diferenciado atendimento que ele recebeu, ofereceram-lhe uma revista e, na tentativa de tratá-lo da melhor forma possível, a recepcionista lhe sugeriu uma revista para ler. Ao ser perguntado sobre qual revista prefereria, ele, orgulhosamente respondeu: “tal revista, de preferência.” E eu fiquei agoniada. Eu queria ter questionado a preferência política da revista escolhida e ter dito que eu teria vergonha de ler aquilo na vista das pessoas. Não! Não era uma revista pornográfica! Era uma dessas revistas semanais que dão a impressão (e só a impressão) de que está instruindo e passando informações. O problema está aí: mensagens tendenciosas, cheias de pouca ética e rara possibilidade de demonstrar claramente vários pontos de vista sem qualquer viés.

Outro dia, enviaram-me alguns exemplares e, ao final do envio, uma moça desta mesma revista ligou para meu telefone comercial para firmar com ela sua assinatura. Eu pedi que não mais me enviassem aquilo e fui veemente nesse sentido. Não quero perder meu tempo lendo o que não me interessa.

Está bem. Assumo! Estou sendo radical. Talvez fosse interessante, em estando num salão de beleza da vida, ler algo assim ao menos para ter o que falar contra… conhecer é interessante, mesmo que seja o que você não concorda. Só não tenho tido tempo para isso.

No segundo semestre do ano passado esta mesma revista entortou falas de vários intelectuais brasileiros que são (como quase todo intelectual de bom senso) contra o neoliberalismo e pôs em xeque o pensamento dessas pessoas que tanto contribuem para o pensamento desta nação. Enviesou reflexões, distorceu idéias e tentou fazer-nos entender que no Brasil não se pode pensar. Bem a gosto da clara intenção dos países ricos: temos que ser mão de obra barata e não especializada: que eles produzam conhecimento e nós apenas o consumamos. É lastimável… Assim, o nosso ensino superior não passa de reprodutor de conhecimento (sem considerar outros níveis de educação), temos nossos pontos de vista pautados a partir da mídia e dizemos orgulhosos que estamos em desenvolvimento (?). Pedro Demo afirma que enquanto o primeiro mundo pesquisa os outros dão aulas. Rs.

Há uma diferença entre inteligência, informação, conhecimento e sabedoria.

Nada contra ser bonito e se cuidar. Só fica a contradição: ser e ter se confundem facilmente. Para nosso prejuízo.

Escolhi uma revista sobre maquiagem. Aprendi a usar melhor meu baton.

Velha Infância…


Pra mim, uma das coisas mais bonitas da música Velha Infância, dos Tribalistas, é a simplicidade de sua poesia.
“Eu gosto de você e gosto de ficar com você…” Apenas coisas fáceis de viver. Sinceras para dizer ao outro. E coisas assim precisam ser ditas por que os dias são, de fato, maus.
Eu tenho várias pessoas das quais poderia dizer assim.
Tenho uma pessoa em especial que é parte de minha vida e quero escrever este texto para ela: minha irmã mais velha Ione.
Nem sei como começar… Há tanto para falar…
Ione é aquela pessoa assim: nunca deixou de ser criança. Sua alegria contagia a todos que estão à sua volta e sua sinceridade os assusta também. Ela é um misto de tudo de bom que se pode ter…
Ione é assistente social. Ela se preocupa verdadeiramente com os outros e sempre lhes dá dicas sobre como viver melhor, como resolver seus problemas, mesmo que seja só um calo no pé ou uma unha encravada. Rs. Só Ione mesmo.
Ela é linda, tem um cabelo de dar inveja. Olhos e cabelos cor-de-mel. Uma delícia de pessoa.
Filho de peixe, peixinho é. Seus filhos… hum… que pessoas ma-ra-vi-lho-sas.
Seu marido é um homem amigo, trabalhador, batalhador.
Sua casa é branquinha, cheia de detalhes preciosos. Um conforto e um refúgio incontestáveis.
Seus irmãos a amam.
Seus pais lhe admiram e fariam tudo por ela.
Ione é uma mulher completa. Especial.
E eu a amo muito.

“Narciso acha feio o que não é espelho.”

Quem somos afinal?
(Iêda Sampaio)

O discurso de que “todos são iguais” reflete uma cultura de massa presente na nossa história, especialmente nesse momento em que se vive a terceira revolução industrial.
Enxurrada de informações e fácil acesso ao conhecimento, necessidade de ser capaz de articular questões e elaborar com habilidade sua própria existência, ou seja, ser crítico e autônomo confunde-se com imposições sociais ainda maiores, já que essas imposições culturais são feitas, via de regra, por dominadores, pelos detentores do poder, pelo próprio capitalismo.

Há uma forte campanha ideológica, insinuada, implícita, para que os modelos legitimados por uma minoria dominante sejam atendidos, aceitos, homologados por uma imensa maioria sem voz e sem vez, especialmente nesta Nação, em detrimento dessa última.

É como se as pessoas tivessem sofrido uma avalanche, ou por elas passasse um rolo compressor que as tornasse uma só. Iguais. Todas idênticas. Como uma grande massa, um produto qualquer, portador de passividade, de silêncio, de limitações.

Há uma mensagem explícita nas intenções, nas campanhas da mídia, nos discursos políticos e/ou ditos humanitários deste século: todos possuem direitos e deveres, ou seja, todos são cidadãos e necessitam, assim, de cidadania para serem ou sentirem-se homens e mulheres plenos, completos, realizados, participantes e agentes ativos na construção de seu próprio mundo. Que, diga-se de passagem, não é uma realidade dada, mas construída diariamente.

Há muitos exemplos que apontam a imposição ideológica que norteia nossa vida diária, mas cito apenas três deles neste texto, que chamarei de preconceito religioso, lingüístico e preconceito contra os Portadores de Necessidades Especiais.

Estes preconceitos dizem respeito a uma visão distorcida e pobre das diferenças, das individualidades, da pluralidade cultural que permeiam a vida das pessoas.

1. Preconceito Religioso. homens e mulheres possuem diferentes concepções de Deus. São pessoas iguais do ponto de vista humano, sim. Como Kant afirma, “moradores de uma mesma casa”. Discórdia de pensamentos, de percepção do Eterno não lhes impede de conviverem (e bem) com o outro ser humano, portanto, diferente dele.

Embora o Brasil seja um exemplo positivo dessa possibilidade de uma convivência saudável entre os de diferentes religiões, ainda há muita exclusão, estigma tecida em torno do outro, do meu diferente como pessoa, aqui ou ali, como se ‘o outro’ fosse um inimigo, alguém com quem devo lutar.

2. Preconceito Lingüístico. Vivemos no mesmo País e temos diferentes expressões de linguagem. Comunicações são diariamente estabelecidas e mesmo assim, existe o mito de que o povo brasileiro não conhece sua própria língua, como afirma Marcos Bagno em seu livro “Preconceito Linguístico”.

Na verdade, o povo resiste mesmo é a ‘privilegiada’ Gramatica Normativa – instrumento de poder legitimado pelos gramáticos. Logo, por pouquíssimas pessoas. É como se não considerassem que a língua é um fator histórico e que, em seu contorno, há todo um movimento de classes, de interesses, de necessidades do próprio homem.

Aqui, neste texto, não se faz uma apologia à linguagem não culta, muito menos se legitima os ditames da Gramática Normativa. Convida-se, sim, a uma reflexão acerca da quantidade de injustiça e preconceito que se efetua sobre e contra o brasileiro menos favorecido, que por questões sociais, históricos ou de outros aspectos, não teve acesso àquela gramática.

3. Preconceito contra os Portadores de Necessidades Especiais – PNE. Ainda vistos como coitadinhos e inválidos (idéia herdada dos tempos antigos e de uma concepção médica que perdurou e esteve como único ponto de vista até 1920 – (SASSAKI).

Vale ressaltar que essa prática, a da exclusão, ainda existe muito em nosso meio). Os PNE viveram muito tempo praticamente sem serem considerados gente, já que, sendo vistos como pessoas sem uma função ou valor na sociedade, não eram favorecidos com um olhar justo sobre sua cultura, suas particularidades, suas necessidades e/ou seu potencial humano mesmo de ser cidadão, capaz e produtivo.

Ainda é muito comum se flagrar pessoas com o pensamento e – pior – com o comportamento de quem vê o Deficiente Auditivo, Visual, Físico ou Mental como um doente mental. E há pessoas com medo de outras, apenas por suas diferenças.

Isso tudo em detrimento do que propôs a Declaração de Salamanca, por exemplo, ou outras muitas ações significativas efetivadas de entidades, organizações etc., sem contar as inúmeras páginas de legislação que já existe no sentido da inclusão. Infelizmente a sociedade ainda é exclusiva.

Se todos são iguais, por que não se pode dialogar com as diferenças? E o respeito? E a necessidade de convívio? E o imperativo da paz? Há mais questões ideológicas sobre essas forças contrárias do povo contra as injustiças do que se pode imaginar.

Cada pessoa é uma. E Cada pessoa é parte de um todo. Durckeim já afirmava a força da sociedade sobre a formação ou a existência do homem. A pessoa humana e a sociedade sofrem todos esses preconceitos, sejam eles provocados ou construídos por elas e/ou apenas recebidos e aceitos sem reflexão – típico dos preconceitos.

Sócrates já afirmava na Antiguidade Clássica que o maior mal que o homem sofre é o que ele mesmo provoca, pois, ao fazer o mal ele tanto provoca o mal ao outro quanto se corrompe a si próprio (entenda-se ‘mal’, neste texto, como a aceitação a todos os preconceitos contra a própria espécie humana).

Se no aspecto pessoal isso é ruim, que dizer de toda a sociedade com posturas preconceituosas? As conseqüências disso se percebe nas dores e angústias que os excluídos vivenciam diariamente.

Excluir a exclusão já foi prenúncio da Declaração dos Direitos Humanos no século passado. Excluir a exclusão é um grito necessário em nome da paz e do bem comum e em nome da superação da pessoa humana na sua superação, na sua “vocação ontológica de ser mais” (FREIRE).

É necessário desligar-se das construções massificadoras e assumir-se como pessoa única, com suas preferências, não se esquecendo, porém, que somos uma construção social. Ou seja, qualquer movimento para uma transformação dessas posturas equivocadas e preconceituosas deverá passar necessariamente por uma atitude pessoa e pela alteração das concepções sociais acerca do que é ideologia, cultura de massa, multicuturalismo e diálogo, …muito diálogo.

Ainda insistimos em afirmar que todos são iguais. Há que se entender que há diversidade na unidade e que somos iguais, sim, mas muito diferentes uns dos outros.

Conhecer ou não – Uma questão…

Se você quer ser bom, não vai conseguir a menos que tenha (per)seguido os caminhos – intrínsecos ou não. É necessário buscar a estrada, procurá-la e não perder a consciência de que se está longe. Talvez mt longe. E um dia, como num passe de mágica, encontra-se o mistério, a busca. Acima do mistério, pura vida se destila nesse negócio. Traduzindo melhor: isso significa tra-ba-lho. Suor. Quem sabe sangue?
O fato de existir a interrogação já é prenúncio de que o caminho vai ser encontrado. Daí, é caminhar. E será então só o início. Que desafio, hein?
Eu tenho esta sensação. A partir de agora… hummmmmm. Que delícia seguir!

Por que o mar se perpetua.

Nesta manhã ensolarada de outono, gostaria de pensar um pouco contigo sobre a causa da perpetuidade do mar.
A vida é efêmera. Todas as coisas (até as montanhas!) estão em movimento. O que ontem era fato, amanhã já não mais existe e a existência vai tomando cor de transitoriedade cada momento.
Mas o que acontece com o mar? Como toda a criação, também se transforma todas os dias. Porém, olhando para ele, a impressão que tenho é que, de alguma forma, ele não morre. E me vejo analisando o seguinte:
O mar não tem medo de receber rios. No movimento da vida ele se permite misturar com águas de temperatura diferente das suas próprias águas e termina por ampliar-se ainda mais. De vários lugares os rios trazem suas experiências, um pouco de sua vida; suas propriedades de água doce se desembocam ali no mar, tão grande, tão amoroso, tão receptivo! Há pessoas assim. E quanto mais se relacionam com outras pessoas, serão ainda maiores, mais bonitas, mais ricas de vida.
Outro fato a se considerar é a biodiversidade das águas marinhas. A quantidade de ser vivo e sua multiplicidade, as cadeias e teias alimentares efetuadas no mar são quase incontáveis. De diversas cores, os seres vivos contidos naquele ambiente alegram a nossa vida como um quadro cuidadosamente pintado pelo Criador. Dizem os estudiosos que nosso oxigênio não vem das florestas, como tanto gente acredita – já que as árvores respiram quase todo o oxigênio que produzem. Os plânctons, seres do mar, são quem fabricam o ar que nos dá vida. Vivem num ambiente que lhes possibilita produzir para os outros. O ar é riqueza vinda especialmente de um meio que permite a variedade da existência. Que não guarda preconceitos no coração, que se expande com seriedade e beleza.
E o mar, com suas ondas, quebra na praia. Leva e traz materiais orgânicos e inorgânicos que possibilitam o ciclo da existência. Ele não tem medo de se perder, quando se permite ir e vir, quando tem coragem de caminhar por outras praias, outros terrenos.
Há pessoas assim. Você é assim se recebe pessoas e não as aprisiona, vivendo o doce movimento da existência; relaciona-se com a vida e seus fatos de forma livre, libertadora; viabilizador de vida. Se é cumpridor dos mandamentos do Criador. Há de ser assim pra sempre e deixar sua marca de vida e amor por onde tiver passado.

Ele te abençoe!!!!

Obs.: Este texto foi escrito por Ieda Sampaio em um outono passado.