Nome Próprio

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É certo que há nomes de pessoas que  nós não gostamos.

 

Há nomes que soam de um jeito diferente, talvez muito grande ou pequeno demais.

 

Há nomes que nos soam mal. Que, definitivamente, não colocaríamos, nunca, em nossos filhos.

 

Outro dia eu ouvi o nome Benedito. Benedito, para muita gente, não é um nome bonito.

 

Mas aquele nome aqueceu meu coração e me fez dar um suave sorriso. Um sorriso de saudade, de alegria talvez.

 

O nome Benedito, embora grande e pesado para muita gente, representa algo especial para mim: é exatamente o nome de meu pai.

 

Quando eu encontro alguém com esse nome, me vem à memória as mais suaves e agradáveis lembranças.

 

Meu pai representou e sempre representará alguém especial, um bom pai. Alguém que me amava e sempre esteve ao meu lado, assim como eu estive sempre ao seu lado, em momentos difíceis e alegres.

 

Seu nome representa, então, sob meu ponto de vista, allgo que significa amor, bondade, acolhimento.

 

João, José, Judite, Jonas, Joel, Dilza, Ita, Ilza, Nildes, Benilde, Maria, Pedro, Manoel, Joel, Landulfo, Lomanto, Joana, Angélica, Angelina. O que esses nomes representam para você? Você se lembra de que enquanto os escuta?

 

Há uma coisa em Psicanálise que chamamos de Livre Associação. Faz parte da técnica psicanalista considerar o que uma coisa, um nome, um som, uma música, significa para a pessoa. Isso é exclusivamente pessoal, subjetivo.

 

Assim: uma coisa puxa outra, faz referência, de alguma forma, a outra.

 

Então, no consultório, o analista vai, dentre outras coisas, considerar e ajudar a pessoa a tomar consciência do que ela associa com o que. O que uma idéia, um nome, uma coisa, lhe faz lembrar.

 

Assim, aos poucos, aquela sua fala, aquela sua idéia que antes você pensava que não tinha nada a ver com nada, vai tomando forma, vai criando consistência, tomando sentido para você, de um jeito consciente.

 

Eu tive uma paciente que ficava chocada pois sua amiga sempre dizia que todos os homens iam embora pois na primeira e mais importante representação da minha analisanda, homens ficavam, criavam seus filhos e, embora tivessem dificuldades, não desistiam dos seus casamentos.

 

A diferença é que, para uma, a analisanda, seu pai havia ficado em casa. Para a outra, seu pai tinha ido embora, deixado a mãe sozinha e plantado para sempre na cabeça da menina uma idéia triste de abandono e um certo sentimento de desilusão.

 

Ou seja: você vê o mundo com os seus próprios olhos, a partir de sua própria experiência. Isso pode ser modificado? Sim. A partir da tomada de consciência, mas as associações sempre serão feitas. Conscientes ou não.

 

Para mim, meu pai ficou.

 

Ficou, criou a prole, deu conta do recado e garantiu nossa sobrevivência mesmo com muitas dificuldades.

 

Benedito soa, para mim e em minhas mais íntimas associações, um nome doce, um nome bonito.

 

Be-ne-di-to!!!

CULTURA DO BEM

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Num dos últimos jogos da Copa do Mundo de 2014 ocorreu um fato que deixou o mundo chocado e especialmente os brasileiros muito tristes: Brasil contra Colômbia, lutando pela vitória, vivendo momentos de tensão e grande expectativa e eis que um jogador colombiano bate o joelho nas costas do jogador Neymar, causando sua exclusão da Copa, a quebra de seus sonhos, a destruição de seu maior desejo que era ser campeão do mundo.

 

Na entrevista que o jogador colombiano deu a alguns jornalistas, ele afirmou que não era sua intenção machucar Neymar, pediu desculpas mas disse que seus colegas tinham sofrido faltas do jogadores brasileiros, deixando claro, nas entrelinhas, que sua intensão certamente era o de descontar, de se vingar do time brasileiro.

 

Ao final do jogo, o jogador David Luiz, da seleção do Brasil, vai consolar um dos jogadores do time colombiano que chorava amargamente o resultado final que dava vitória ao time do lado de cá.

 

De um lado, uma possível vingança, a construção do mal, a dor de Neymar e a tristeza de todos os brasileiros. Aquele jogador havia chorado aos berros, sinalizando claramente que sua dor não era só física. Era dor emocional também. Era a dor da perda, do desligamento de seus sonhos, da grande frustração que estava vivendo por perceber que não voltaria mais aos jogos pelo menos nessa Copa.

 

Por outro lado, David Luiz consolando, abraçando, limpando as lágrimas do adversário.

 

O exemplo do David Luiz foi uma mensagem surpreendente para o mundo: como acolher o suposto inimigo? Como sentar-se à mesa do amor com ele? Como abraçar e beijar o time oposto, o outro?

 

Acredito que o bem se faça assim: na desconstrução do mal.

 

É o que diz a carta aos Gálatas: “Façamos bem a todos” . Indistintamente. Sem  reservas, a tempo e fora de tempo. Sempre.

 

Eu não acredito em palavras, em afirmações positivas. Palavras não tem tantos poderes mágicos assim: você pode fazer o mal a quem você chama de “abençoado”, por exemplo.

 

David Luiz marcou o mundo com o seu poder de perdão, de desconsiderar o mal que seu time havia sofrido, por conseguir amar.

 

David Luiz entra para as páginas da história como herói, não só por ter sido um grande jogador, mas por ter superado as expectativas, por ter sido um homem capaz de, olhando para frente e não para o mal, cuidar, fazer o bem, amar.