Relacionamento Leve

leveza

 

 

De alguma forma, estamos todos ligados uns aos outros.

O padeiro faz o pão que eu gosto. O jornaleiro, entrega o jornal que leio.

Posso não conhecer o padeiro ou o jornaleiro, pois embora me sirvam, não tenho uma relação pessoal com nenhum deles.

Mas ao meu lado, diariamente, eu tenho pessoas com quem converso, troco experiências, compartilho algumas dores e alegrias.

Além dessas pessoas que estão um pouco mais próximas, tenho também outros mais achegados.

Pessoas são espelhos de mim. Eu as trata como me vejo. Alem de elas me darem muito retorno sobre quem sou. Se as trato mal, elas me tratarão um pouco mais frias. Se lhes dou meu sorriso, certamente terei um sorriso de volta.

A bolinha da vida volta sempre com a mesma intensidade com que a jogo adiante. Se a jogo com agressão, me devolvem agressão. Se a jogo com amor, recebo amor.

Claro que a regra não funciona todas as vezes assim, mas de um modo geral, tenho sempre o retorno do que sou.

Se gosto de você, é provável que vá  gostar de mim. Se lhe trato bem, você vai me tratar bem. Gentileza gera gentileza, já dizia o poeta carioca.

E no mundo tem um lugar especial para pessoas doadoras e gentis.

Em nossas relações interpessoais, quando somos bondosos uns com os outros, quando somos compreensivos e acolhedores, a tendência é que recebamos de volta bondade, compreensão e acolhimento.

É, como dizia Rubem Alves, um agradável jogo de frescobol. Eu lhe jogo uma bola para que você possa devolvê-la para mim do mesmo jeito, alegre e divertido.

Jogamos os dois para ganhar.

Eu quero que você ganhe e você quer que eu ganhe.

Sem competições, sem conflitos desnecessários.

Assim, em nossas relações entre pessoas, ganhemos todos.

 

 

 

 

Violência no Trânsito

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Eu me lembro de Pateta, um antigo desenho animado…

Ele acordava docilmente, cantarolava, falava com os vizinhos, estava feliz e satisfeito, um modelo de ser humano, sensível e bem educado.

Até entrar em seu carro. Ali, ele mudava de nome. Virava quase um monstro. Franzia as sobrancelhas, fazia cara de zangado e saia pelo trânsito, brigando com todos. Insulta um, irrita outro, corta um veículo, desrespeita o pedestre.

Seu comportamento que, há pouco, era excelente, se transforma agora em alguma coisa desumana, violenta, agressiva. Para ele, o veículo era instrumento de força e vaidade.

No desenho animado é até engraçado ver o Pateta daquele jeito. Mas, na vida real…

Bem, na vida real a gente vai vendo as violências de cada dia.

Atravessar uma rua não é fácil se você é um pedestre, por exemplo.

Parece não haver qualquer educação no trânsito e, frequentemente, imaginamos que estamos numa selva cheia de perigos.

Motociclistas e motoristas, ciclistas e até os transeuntes realmente precisam repensar seu papel para o bom andamento do trânsito.

Como o Sr. Pateta, perdemos nossa educação. Somos tensos, irritados.

Qualquer motivo é razão de não darmos passagem ou preferência, como se estivéssemos todos competindo uns com os outros.

Daí, todo mundo quer provar que é mais forte, maior, melhor, mais rápido… Como se estivéssemos todos numa grande competição, embora ninguém nunca saia ganhando, de nenhuma forma, quando o assunto é violência no trânsito. Ou qualquer outro tipo de violência.

Outro dia todos nós vimos, tristes, a morte de dois irmãos que foram atropelados por uma médica em Salvador.

Infelizmente duas vidas foram ceifadas naquele infeliz episódio. Além das famílias de todos os envolvidos na tragédia viverem tamanha tristeza.

Fico me perguntando se qualquer um de nós não poderia estar comprometido num caso assim, visto que muitas vezes  nos transformamos no trânsito e revelamos, nele, todo o nosso medo, nosso estresse, nossa insegurança.

Lutar e fugir, esse mecanismo de defesa tão necessário chamado estresse, pode se acentuar de uma forma tão intensa a ponto de gerar uma extrema violência no trânsito, por exemplo. De gerar em nós um estado de hipervigilância que pode nos transformar em gente que não consegue gerenciar suas próprias emoções.

Nosso meio de transporte, antes instrumento de conforto que nos beneficiava e nos levava e trazia para onde quiséssemos, vira uma verdadeira arma se o nosso coração estiver estressado, com medo  e sem paz.

É certo que a condução para a paz e a segurança não depende só de uma pessoa. Depende de todos os envolvidos, de todos os que estão no trânsito, incluindo aí pessoas e ciclistas. Ou seja: depende de nós mesmos, da cada um de nós.

No caso do Pateta, a história é feita em desenho animado e é algo divertido. Na vida real, não. No dia a dia, nosso trânsito mata mais pessoas que  guerra, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Estamos hipervigilantes, estressados, ansiosos, inseguros, com medo, zangados no trânsito.

Brigas e discussões são muito comuns na rua e parece que todos, de uma vez só, nos tornamos pessoas frias e vingativas, desejando o mal dos outros, esperando vingança para aquele que nos ‘cortou’, que nos desrespeitou, que avançou o sinal.

E, sem querer, também viramos instrumento desse grande mal.

Nosso trânsito é violento e enquanto não criarmos a consciência de que podemos fazer algo diferente, dirigir sem concorrência, sem imaginar que estamos numa arena e salve-se quem puder, dirigir com a responsabilidade de que tanto nós quanto os outros também tem pressa, estão atrasados.

Se for possível, quando estivermos no trânsito, tentemos cantarolar, ouvir uma música. Tentemos nos acalmar, ceder lugar, dar a preferência ao outro, dar passagem às pessoas.

Num possível engarrafamento, aproveitemos para  fazer um alongamento.

Evitemos buzinar, respiremos. Resgatemos nossa paciência. Sejamos tolerantes.

Busquemos compreender os erros dos outros. Afinal de contas, nós também erramos.

No trânsito bondade, tolerância e solidariedade são sempre o melhor remédio. E, repetir a história do Sr. Pateta, nunca mais.