Ana Eduarda ou João Marcos.

Ainda não sou mãe. Penso que não vou querer ser tão cedo. Mesmo assim, há um potencial de maternidade em mim que está acima de mim. Há muito gente de quem me sinto verdadeiramente mãe.
Veja que música linda. Não sei de quem é, mas é uma daquelas músicas que a gente ouve e fala: bem que eu devia tê-la composto: é minha cara:

…É. Valeu todo essa espera!
Pra mim foi muito mais do que sonhar
Foi mais que viver
Foi mais que esperar
Foi mais que sorrir
Bem mais que te amar
Foi mais que querer ouvir sua voz
– Herança do Senhor para nós…
Vida de minha vida
Alma de minha alma
Estrela cadente – presente de amor sem fim
Quero te ver crescendo
Cada vez mais sorrindo
Meu fiho amado – pedaço de mim.

É… valeu todo esse tempo
Enfim poder olhar pra teu olhar
E ver sem querer
Que é quase sem fim
Que tudo em você é um pouco de mim
E como é pra mim
Sim Deus há de ser
Exemplo e razão do meu viver…

“Narciso acha feio o que não é espelho.”

Quem somos afinal?
(Iêda Sampaio)

O discurso de que “todos são iguais” reflete uma cultura de massa presente na nossa história, especialmente nesse momento em que se vive a terceira revolução industrial.
Enxurrada de informações e fácil acesso ao conhecimento, necessidade de ser capaz de articular questões e elaborar com habilidade sua própria existência, ou seja, ser crítico e autônomo confunde-se com imposições sociais ainda maiores, já que essas imposições culturais são feitas, via de regra, por dominadores, pelos detentores do poder, pelo próprio capitalismo.

Há uma forte campanha ideológica, insinuada, implícita, para que os modelos legitimados por uma minoria dominante sejam atendidos, aceitos, homologados por uma imensa maioria sem voz e sem vez, especialmente nesta Nação, em detrimento dessa última.

É como se as pessoas tivessem sofrido uma avalanche, ou por elas passasse um rolo compressor que as tornasse uma só. Iguais. Todas idênticas. Como uma grande massa, um produto qualquer, portador de passividade, de silêncio, de limitações.

Há uma mensagem explícita nas intenções, nas campanhas da mídia, nos discursos políticos e/ou ditos humanitários deste século: todos possuem direitos e deveres, ou seja, todos são cidadãos e necessitam, assim, de cidadania para serem ou sentirem-se homens e mulheres plenos, completos, realizados, participantes e agentes ativos na construção de seu próprio mundo. Que, diga-se de passagem, não é uma realidade dada, mas construída diariamente.

Há muitos exemplos que apontam a imposição ideológica que norteia nossa vida diária, mas cito apenas três deles neste texto, que chamarei de preconceito religioso, lingüístico e preconceito contra os Portadores de Necessidades Especiais.

Estes preconceitos dizem respeito a uma visão distorcida e pobre das diferenças, das individualidades, da pluralidade cultural que permeiam a vida das pessoas.

1. Preconceito Religioso. homens e mulheres possuem diferentes concepções de Deus. São pessoas iguais do ponto de vista humano, sim. Como Kant afirma, “moradores de uma mesma casa”. Discórdia de pensamentos, de percepção do Eterno não lhes impede de conviverem (e bem) com o outro ser humano, portanto, diferente dele.

Embora o Brasil seja um exemplo positivo dessa possibilidade de uma convivência saudável entre os de diferentes religiões, ainda há muita exclusão, estigma tecida em torno do outro, do meu diferente como pessoa, aqui ou ali, como se ‘o outro’ fosse um inimigo, alguém com quem devo lutar.

2. Preconceito Lingüístico. Vivemos no mesmo País e temos diferentes expressões de linguagem. Comunicações são diariamente estabelecidas e mesmo assim, existe o mito de que o povo brasileiro não conhece sua própria língua, como afirma Marcos Bagno em seu livro “Preconceito Linguístico”.

Na verdade, o povo resiste mesmo é a ‘privilegiada’ Gramatica Normativa – instrumento de poder legitimado pelos gramáticos. Logo, por pouquíssimas pessoas. É como se não considerassem que a língua é um fator histórico e que, em seu contorno, há todo um movimento de classes, de interesses, de necessidades do próprio homem.

Aqui, neste texto, não se faz uma apologia à linguagem não culta, muito menos se legitima os ditames da Gramática Normativa. Convida-se, sim, a uma reflexão acerca da quantidade de injustiça e preconceito que se efetua sobre e contra o brasileiro menos favorecido, que por questões sociais, históricos ou de outros aspectos, não teve acesso àquela gramática.

3. Preconceito contra os Portadores de Necessidades Especiais – PNE. Ainda vistos como coitadinhos e inválidos (idéia herdada dos tempos antigos e de uma concepção médica que perdurou e esteve como único ponto de vista até 1920 – (SASSAKI).

Vale ressaltar que essa prática, a da exclusão, ainda existe muito em nosso meio). Os PNE viveram muito tempo praticamente sem serem considerados gente, já que, sendo vistos como pessoas sem uma função ou valor na sociedade, não eram favorecidos com um olhar justo sobre sua cultura, suas particularidades, suas necessidades e/ou seu potencial humano mesmo de ser cidadão, capaz e produtivo.

Ainda é muito comum se flagrar pessoas com o pensamento e – pior – com o comportamento de quem vê o Deficiente Auditivo, Visual, Físico ou Mental como um doente mental. E há pessoas com medo de outras, apenas por suas diferenças.

Isso tudo em detrimento do que propôs a Declaração de Salamanca, por exemplo, ou outras muitas ações significativas efetivadas de entidades, organizações etc., sem contar as inúmeras páginas de legislação que já existe no sentido da inclusão. Infelizmente a sociedade ainda é exclusiva.

Se todos são iguais, por que não se pode dialogar com as diferenças? E o respeito? E a necessidade de convívio? E o imperativo da paz? Há mais questões ideológicas sobre essas forças contrárias do povo contra as injustiças do que se pode imaginar.

Cada pessoa é uma. E Cada pessoa é parte de um todo. Durckeim já afirmava a força da sociedade sobre a formação ou a existência do homem. A pessoa humana e a sociedade sofrem todos esses preconceitos, sejam eles provocados ou construídos por elas e/ou apenas recebidos e aceitos sem reflexão – típico dos preconceitos.

Sócrates já afirmava na Antiguidade Clássica que o maior mal que o homem sofre é o que ele mesmo provoca, pois, ao fazer o mal ele tanto provoca o mal ao outro quanto se corrompe a si próprio (entenda-se ‘mal’, neste texto, como a aceitação a todos os preconceitos contra a própria espécie humana).

Se no aspecto pessoal isso é ruim, que dizer de toda a sociedade com posturas preconceituosas? As conseqüências disso se percebe nas dores e angústias que os excluídos vivenciam diariamente.

Excluir a exclusão já foi prenúncio da Declaração dos Direitos Humanos no século passado. Excluir a exclusão é um grito necessário em nome da paz e do bem comum e em nome da superação da pessoa humana na sua superação, na sua “vocação ontológica de ser mais” (FREIRE).

É necessário desligar-se das construções massificadoras e assumir-se como pessoa única, com suas preferências, não se esquecendo, porém, que somos uma construção social. Ou seja, qualquer movimento para uma transformação dessas posturas equivocadas e preconceituosas deverá passar necessariamente por uma atitude pessoa e pela alteração das concepções sociais acerca do que é ideologia, cultura de massa, multicuturalismo e diálogo, …muito diálogo.

Ainda insistimos em afirmar que todos são iguais. Há que se entender que há diversidade na unidade e que somos iguais, sim, mas muito diferentes uns dos outros.

Navegar é preciso…


Este fim de semana prolongado foi especial, dentre outros.
Eu, Joe, Tote, Rute, Giulia e Raquel fomos à Serra Grande, à casa de praia do Pr. Jess Carlos. Uma delícia!!!
Comemos carne na pedra – uma especialidade de um restaurante por lá. Vimos aquele lugar lindo, ma-ra-vi-lho-so e jogamos cancan (um jogo muito legal).
Curtimos bastante todos os momentos.
Mas na volta…
Chovendo muito, pegamos a estrada às 15:00 horas. Não víamos nada na estrada. A viagem seria vencida em 2:30 horas e gastamos oito horas para chegar em casa. Erramos o caminho, pegamos uma estrada desconhecida cheia de pneus deixados por lá. Talvez aquilo tenha sido idéia de bandidos para assaltar carros. Desta, nos livramos. A estrada era estreita e, com muita chuva, vimos uma fazenda no meio do caminho onde tinham uns pontos de luz. Entramos nesse caminho para fazermos o retorno e… o pneu trazeiro furou. Rute começou logo a chorar. Uma tragédia poderia acontecer. Não enxergávamos nada devido à forte chuva. Então, mesmo com o pneu furado, voltamos àquela fazenda pois ali havia luz e tentamos, na chuva, trocar o pneu. Nenhum êxito: o macaco caiu embaixo do carro, que ficou estacionado numa ladeira – não havia outro lugar mais seguro e iluminado por ali.
O macaco quebrou e ficou embaixo do carro. E se déssemos uma ré para tentar tirar o macaco de debaixo do carro? Joe fez isso. Com o carro só com as três rodas! Tote tentou tirar o macaco dali e não conseguiu. Os meninos então suspenderam com as mãos o carro e eu tirei, enfim, o instrumento que também ficou quebrado pelo peso do carro. Não havia apoio naquela terra molhada cheia de brita para trocarmos o pneu!
Rute chorava e estava desesperada. As crianças ficaram agitadas um pouco mas depois se tranquilizaram…
(Vale ressaltar que meu namorado Joe suspendeu sozinho o carro várias vezes. Rs).
Eu vi um ponto de luz na fazenda e comecei a gritar por ajuda até que as pessoas que estavam naquela casa se cansaram de mim e – talvez com muito medo – veio um homem nos ajudar. Trouxe uma tora bem grande que não resolveria muita coisa já que estávamos num ponto inclinado e aquilo ia sair rolando debaixo do carro, ladeira abaixo. Não ia funcionar. Pedimos a ele então umas tábuas para fixar melhor o macaco e, muito molhados, os meninos finalmente conseguiram trocar o pneu depois de quase duas horas e meia.
Voltamos os dezoito quilômetros que tínhamos viajado pelo caminho errado e, com orientação daquele homem da fazenda, em pouco tempo chegamos muito tensos e preocupados com a possibilidade de acontecer outro evento assim até a borracharia.
Fizemos a força do pneu, verificamos todos os outros e retomamos o caminho para casa.
Ontem foi um dos dias mais perigosos de minha vida.
Graças a Deus chegamos meia noite em casa, sem chuva (rs) sãos e salvos.
Que delícia!

“A gente era feliz e não sabia…”


Houve um tempo, em especial na adolescência, que tinha a certeza de que eu era uma das pessoas mais felizes do mundo.
O tempo foi passando e vieram muitas decepções. De modo particular o coração foi traído e se traiu tantas vezes que depois de tanto penar… conclusão: a vida ficou apática, meio sem brilho. Eu tinha a consciência de que estava num bom caminho, num processo especial de economias, de investimento para o amanhã e deixei de viver muita coisa…
Hoje, depois de alguns cursos na mãos, estabilidade profissional (doze anos de trabalho no mesmo lugar) embora não esteja exercendo a minha própria profissão – pedagogia – sinto-me feliz outra vez.
Meus pais se separaram e tive de lidar com todas as emoções que isso acarreta, inclusive o peso de me tornar dona de casa já que fiquei com meu pai, antes do tempo. Fiz uma graduação e uma especialização no mesmo período – loucura!
Além disso, tinha um coral infantil, um de jovens e outro de adultos sob minha responsabilidade. Eu era professora de escola bíblica. Se por um lado isso tudo é extremamente abençoador, no meu caso virou uma rotina obrigatória e algo para o qual meu corpo respondia sofrendo: tive estafa antes dos trinta anos. Pode?
…e ainda tinha uns namorados à distância. Veja: o que era pra me trazer alegria era, na verdade, uma saudade, uma dor a mais. Sempre uma tensão a mais.
Esse ano é meu ano! 2005 realmente veio mudando as coisas por aqui, dando-me uma qualidade de vida muito especial.
Pra começar: dia 08 de janeiro eu comecei a namorar com Joe.(Vou abrir outro parágrafo para falar dele. Rs):
Joe é uma pessoa riquíssima em toda a dimensão dessa palavra: ele sabe comer bem, ouvir coisas boas, gosta de filmes, de viagens e não tem horário pra nada. Todos os dias agora a gente acaba vivendo (apesar de alguns pequenos desencontros) novidades, surpresas… Temos conhecido muitos lugares especiais onde se pode comer coisas maravilhosas, desfrutar de música, de pessoas, de novos ares, sempre. Mesmo que seja na minha casa ou na dele. Imagine que até me envolvo com cozinha e já sei fazer alguns pratinhos especiais! Sem querer, Joe me levou a gostar de culinária e hoje, além de curiosa, vivo testando coisas, receitinhas e nos deliciamos com vinhos, pratos especiais…
Eu e Joe nos comunicamos num importante espaço intelectual. Nada além de alguns livros, música, cinema, teatro, comida, caminhadas, conversas. Tudo em nosso nível – que não está além do nível de ninguém. É apenas nosso espaço de vivência, de ser feliz.
Joe é de uma tranquilidade invejável. Uma profunda paz. Claro que às vezes isso nos faz até mal porque eu sou meio elétrica. Não entendo ainda muito bem como é que ele lida com seu tempo e discordo de alguns pontos – como é em qualquer história de amor… Depois de tudo a gente senta, conversa, trata o mal e se perdoa. E se curte e se gosta…
É realmente muita riqueza essa coisa de estar com esse homem ao lado.
Nunca – em toda a minha vida – assisti a tantos filmes, escutei tanta música. Nós dois ainda cantamos e tocamos (ele toca!) um para o outro e os dois, para Deus.
Essa é uma parte especialíssima nesse contexto!
É com Joe, com a graça de Deus, que começo a conhecer e viver coisas as quais nunca vivi. É ao seu lado que vou sorrindo, chorando, construindo esta nova etapa de minha vida. Talvez a gente não consiga ainda vislumbrar toda a dimensão dessa grandeza, visto que estamos dentro da história. De fora eu sei que veríamos muito melhor. Mesmo assim, é assim que isso tudo que se chama vida vai sendo tecida, construída, vivida. E tem alguma coisa melhor aí para os humanos?
Hoje eu sou muito mais feliz do que nunca fui.
Estou com mil planos, estou me formando em espanhol. Estou com a liderança do coral de jovens da Igreja Batista Sião para o natal 2005. Isso é bênção de Deus: é vida, é suor, é trabalho!
Estou com planos de fazer mestrado na UFBA ano que vem. Isso é mais uma realização na vida.
Faço hidroginástica – outra delícia.
Meu trabalho aqui no CREA é muito bom. Outra bênção.
Eu estou feliz.