Conversa no MSN – Aula da Saudade.

Marcos Sampaio diz: Pode falar?

Iêda diz: Fale, depois eu respondo…

Marcos Sampaio diz: fui escolhido pela turma de formandos (minha 1ª turma que se forma) como Amigo da Turma.

Iêda diz: Mmm. Muito bom!

Marcos Sampaio diz: Além disso, foram-me grassos em me escolher para proferir a aula da saudade.

Iêda diz: Vc é um grande amigo mesmo! Acho que vai ser amigo, patrono e essas coisas de todas elas. Rs.

Marcos Sampaio diz: Será amanhã, pela manhã.

Iêda diz: Natural que seja vc… Isso é uma delícia!

Marcos Sampaio diz: O que você acha que devo dizer? Dê-me uma idéia…

Iêda diz: Eu? Oxe… rs. Puxa… Que desafio maravilhoso! Vou pensar em algo…
A minha professora escolhida para a aula da saudade contou a vida dela. Não foi muito bom, não. Pelo menos uma dica: não fale de vc. Isso ficou como lição para mim. Rs Talvez seria interessante perguntar a alguém sobre alguns pontos interessantes que eles viveram e dar uma pincelada nisso… Caso vc tenha tempo…
…Falar sobre a singularidade que há em ter passado quatro/cinco anos como alunos e agora assumirem uma vida profissional… É um prazer, um orgulho, mas uma “responsa” sem fim. Rs.
Aluno erra e todo mundo perdoa. Profissional, não. É como se estivessem ficando ‘grandes’ agora.
Vou pensar em algo bem legal… E volto quando puder. Talvez mande algo para vc por e-mail.

“Diego não conhecia o mar.
O pai Santiago Kowadlof levou-o para que descobrisse o mar.
Viajaram para o sul:
Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai conseguiram atravessar aquela altura de areia,
o mar estava na frente dos seus olhos.
E foi tanto a imensidão do mar,
foi tanto o seu fulgor que o menino ficou mudo de beleza.
E quando conseguiu falar
Tremendo e gaguejando, pediu ao pai:
ME AJUDE A OLHAR!”

Marcos Sampaio diz: Lindo!

Iêda diz: Esse aí é um texto de Eduardo Galeano. Ele tem-me inspirado… Não sei como encaixar na sua fala… mas pode ser aproveitado.
Talvez seja interessante falar que olhar, a partir agora, terá mais criticidade… Será um olhar mais apurado… Olhar de um maior… (“peraí” que vou ver quem é Eduardo)… mas será necessário também humildade, Sensibilidade….
Sentimento de que ainda se está a caminho…

Marcos Sampaio diz: Chegou o seu dia e ainda olho em volta em busca de algo para presentear-lhe. Nada encontro que seja suficientemente bom. Eu queria dar-lhes mais do que alcanço.

Iêda diz: Quando se dá amor, a “forma de embrulhar é com um abraço…”
Dia da Saudade tem que ser dia de poesia… de muita emoção mesmo.
Leve Drummond. Quintana…

Marcos Sampaio diz: Acho que estou no caminho certo… Isso!

Iêda diz: Sim, está. Sempre está. E eu sou orgulhosa disso. Queria estar lá…

Marcos Sampaio diz: Kakaka…

Iêda diz:


“A saudade faz bem ao amor, pois que é justamente na dor da separação que o coração faz a operação mágica de re-encantar os amantes que o cotidiano só faz banalizar. Saudade é um buraco dolorido na alma. A presença de uma ausência. A gente sabe que alguma coisa está faltando. Um pedaço nos foi arrancado. Tudo fica ruim. A saudade fica uma aura que nos rodeia… Infelizmente, o amor é feito com muitos nunca mais” – a expressão mais triste que existe. (Aos Namorados, com Carinho…, Sobre o Tempo e a EternaIdade – Rubem Alves)

“Você não entende porque a gente chora diante da beleza? A resposta é simples. Ao contemplar a beleza, a alma faz uma súplica de eternidade. Tudo o que a gente ama a gente deseja que permaneça para sempre. Mas tudo o que a gente ama existe sob a marca do tempo. Tudo é efêmero. Efêmero é o por do sol, efêmera é a canção, efêmero é o abraço, efêmera é a casa construída para o resto da vida. A gente chora diante da beleza porque a beleza é uma metáfora da própria vida.” (Cantiga Triste, Sobre o Tempo e a EternaIdade)

Marcos Sampaio diz: Lindo. Muito lindo! O que acha?

Moça, olha só o que eu te escrevi:
“É preciso força pra sonhar e perceber
que a estrada vai além do que se vê
Sei que a tua solidão me dói
e que é difícil ser feliz
mas do que somos todos nós
você supõe o céu
Sei que o vento que entortou a flor
passou também por nosso lar
e foi você quem desviou
com golpes de pincel.
De ALÉM DO QUE SE VÊ (Marcelo Camelo)

Iêda diz: Puxa…

Marcos Sampaio diz:

“As leis não bastam. Os lírios não nascem das leis” – CDA.

Iêda diz: Lindo! Estou emocionada.

Marcos Sampaio diz: Que bom.

Iêda diz: Acho que vou copiar isso tudo. Rs

Marcos Sampaio diz: Com o que especificamente???

Iêda pensa: Com o quê? Ele ainda pergunta?!

Iêda diz: O texto do Marcelo. O CDA… Rs.

“Há quem passe pelo bosque e só veja lenha para a fogueira.” (Tolstoi).

Volto já.

Giulia e o aniversário de boneca.

Tia Nane – como toda tia maravilhosa – ficou o dia inteiro fazendo bolo de chocolate, brigadeiro, enchendo bolas de soprar… A idéia era fazer um aniversário de boneca. De uma das bonecas de Giulia. A filhinha de Joe Edman, meu namorado, que tem três anos de idade.
Tenho muito a falar de Giulia. Uma delícia de criança!
Eu gostaria de pontuar hoje uma questão.
Para comemorar eu teria escolhido a mais bonita boneca. Afinal, tiraríamos fotos daquele momento! Tudo ficaria registrado. Mas, não! Aquele ‘anjinho’ escolheu, dentre tantas outras bonecas que possui, uma bonequinha velha e sem braço para ser a aniversariante daquele dia. Eu não entendo.
Eu e Joe ficamos rindo. Além de tudo, a bonequinha não era de Giulia. Era minha boneca.
E vem outra questão: além de velha, sem braço e feia, nem era sua a aniversariante.
Como é que se dá, então, o pensamento de uma criança de três anos?
Em primeiro lugar, penso que passa por aquele coraçãozinho uma imensa beleza e despreendimento de si mesma. A idéia de propriedade está além de si.
O avesso do que nos faz mesquinhos e pequenos é o que faz crianças terem sinal de santidade.
Depois, a marca de simplicidade.
Qualquer outra pessoa escolheria a mais linda boneca de sua coleção. Daria um jeito de mostrar aos outros que é proprietária de algum poder. Uma boneca grande, cara e bonita representaria status, talvez. Em nossa sociedade se privilegia muito mais o ter em detrimento do que se é.
Outro ponto que gostaria de ressaltar é a independência de pensamento. É provável que algum adulto tenha sugerido (ou insistido) à Giulia a escolha por outra boneca. Ela preferiu a bonequinha velha sem braço.
Uma delícia aquela menina!
O aniversário foi um encanto. Inesquecível.
Fica a lição: eu quero ser independente. Quero ser simples. Quero ser bela.
Como Giulia.

Sem lenço, sem documento…

A porta se fechou.

Quase poética esta afirmação.
Poesia lembra beleza, romanticidade.
Mas se um dia você se vê solto no mundo, sem ter pra onde ir, sem condições financeiras de objetivar propriamente seu novo espaço, sem ter direito onde comer… Sem seus livros, roupas, suas coisas… Sem endereço, sem seu lugar?
Isso acontece com pessoas que se separam, que rompem relações. O preço é alto.
Perdido no mundo. Como quem se afoga e não encontra chão para pisar. Agonia.
Tenho pena das pessoas que já viveram momentos assim. Amo três pessoas que já passaram por isso: meu irmão, minha mãe e um amigo que muito amo. Eu gostaria de fazer o tempo voltar para poder orar mais por eles. Cuidar melhor deles.
Pouca gente pode ajudar.
Essa sensação não é boa.
Um dia passa.

Limites e compatibilidades entre o ser e o ter.

Ontem eu estava num dos salões do centro daqui de minha cidade aguardando uma pessoa e presenciei uma cena interessante.

Chegou um rapaz muito bem arrumado, desses que a gente costuma chamar de ‘metrosexual’. Todo arrumadinho, cheio de etiquetas, alto, loiro e elegante. Uma figura bonita. Ele havia ido ali clarear ainda mais o cabelo. Talvez fazer as unhas…

O que me fez refletir é que além do maravilhoso e diferenciado atendimento que ele recebeu, ofereceram-lhe uma revista e, na tentativa de tratá-lo da melhor forma possível, a recepcionista lhe sugeriu uma revista para ler. Ao ser perguntado sobre qual revista prefereria, ele, orgulhosamente respondeu: “tal revista, de preferência.” E eu fiquei agoniada. Eu queria ter questionado a preferência política da revista escolhida e ter dito que eu teria vergonha de ler aquilo na vista das pessoas. Não! Não era uma revista pornográfica! Era uma dessas revistas semanais que dão a impressão (e só a impressão) de que está instruindo e passando informações. O problema está aí: mensagens tendenciosas, cheias de pouca ética e rara possibilidade de demonstrar claramente vários pontos de vista sem qualquer viés.

Outro dia, enviaram-me alguns exemplares e, ao final do envio, uma moça desta mesma revista ligou para meu telefone comercial para firmar com ela sua assinatura. Eu pedi que não mais me enviassem aquilo e fui veemente nesse sentido. Não quero perder meu tempo lendo o que não me interessa.

Está bem. Assumo! Estou sendo radical. Talvez fosse interessante, em estando num salão de beleza da vida, ler algo assim ao menos para ter o que falar contra… conhecer é interessante, mesmo que seja o que você não concorda. Só não tenho tido tempo para isso.

No segundo semestre do ano passado esta mesma revista entortou falas de vários intelectuais brasileiros que são (como quase todo intelectual de bom senso) contra o neoliberalismo e pôs em xeque o pensamento dessas pessoas que tanto contribuem para o pensamento desta nação. Enviesou reflexões, distorceu idéias e tentou fazer-nos entender que no Brasil não se pode pensar. Bem a gosto da clara intenção dos países ricos: temos que ser mão de obra barata e não especializada: que eles produzam conhecimento e nós apenas o consumamos. É lastimável… Assim, o nosso ensino superior não passa de reprodutor de conhecimento (sem considerar outros níveis de educação), temos nossos pontos de vista pautados a partir da mídia e dizemos orgulhosos que estamos em desenvolvimento (?). Pedro Demo afirma que enquanto o primeiro mundo pesquisa os outros dão aulas. Rs.

Há uma diferença entre inteligência, informação, conhecimento e sabedoria.

Nada contra ser bonito e se cuidar. Só fica a contradição: ser e ter se confundem facilmente. Para nosso prejuízo.

Escolhi uma revista sobre maquiagem. Aprendi a usar melhor meu baton.

Cantatas e Musicais…

 

foto ieda coralFoto ieda coral infantil

Eu tenho muito prazer em trabalhar com coros, mesmo não tendo habilitação acadêmica pra isso.
Vou anotar alguns dados, aleatórios, sem cronologia rígida, das atividades que fizemos juntos, especialmente com pessoas da Igreja Batista Sião, minha igreja aqui em Jequié. Que me lembre, e quero registrar isso aqui para não mais esquecer, fizemos:
Este ano, com os jovens da Sião junto com outros da Primeira Igreja Batista, a cantata O Rei de Amor (Autor: Rodger Strader, Arranjos: Bob Krogstad e Versão: Waldenir Carvalho). Uma linda cantata de natal da qual participei como corista num coro organizado por Cleyde Barros há muito tempo além de a termos executado também com um grupo do qual fiz parte em minha adolescência, chamado: Filhos de Sião. Uma delícia esta cantata. Cantá-la me faz lembrar de um tempinho muito bom da vida.
Neste momento, temos como baixos: Gilson (Banda), Orlando (Dão) e Jonas. Além de Lindenberg (Kiko) e Josivaldo (Zé) que tão gentil e eficazmente, fazem o baixo quando é necessário. No tenor temos Marcelo, Wesley, “Chefe Bade”, Gileno (Da PIB) e os flexíveis Kiko e Josivaldo (o Zé). No soprano temos Patrícia, Joana Dark, Jersonete (nossa Nete), Mirian, Leidiane e Raquel. No segundo soprano, Sheila, Gaby e sua irmã, Adriana, Lenine. No contralto eu tenho Laudir, Valdinete, Miga, Mariane, Midian, Geane, Célia. Se me esqueço o nome de alguém, peço perdão. Neste período cantamos na Primeira Igreja Batista, duas vezes na Igreja Batista Sião, na Praça Ruy Barbosa e nas igrejas batistas do Entroncamento, de Lafaiete Coutinho. Cantamos também na ceia de Natal do Batalhão de Polícia Militar. Foi muito bom. Viajar junto com pessoas tão especiais… hummmmm. Que ma-ra-vi-lha. Sem contar com a presença marcante de Joe Edman, meu namorado no som e ao piano quando pudemos cantar “Tudo é paz”, uma música bem simples e muito conhecida que está no Cantor Cristão. Cantamos assim com um arranjo simples e de muito bom gosto: o coral faz “aleluia” enquanto a igreja canta “Tudo é paz… tudo amor…” Coisa mais linda. Eu nunca vou me esquecer desses ricos momentos que temos vivido.
Ontem íamos à cidade de Itiruçu. Como não deu certo porque o ônibus só chegou às 20:30 horas, cantamos outra vez na Sião com a soprano Gisane Campos Monteiro. Nane chegou para somar conosco e foi outro momento muito especial. Só tenho a agradecer! Nane é formada em música pelo Seminário Batista do Sul do Brasil no Rio de Janeiro e pela UFBA – Universidade Federal da Bahia. Um grande soprano!
Além do Rei de Amor, este coro de jovens da Igreja Batista Sião fez:
– Com os Anjos Cantai! – Uma cantata de músicas Negro-espiritual – linda! Indicada pelo músico Wankleber Vitório Miranda;
– Vivo Está – coisa mais linda do mundo! Apresentamos a Vivo Está em vários lugares, inclusive universidades, hospitais etc. Editamos um filme sobre a vida de Cristo e conseguimos montar o play back por detras do filme, comparando as cenas com todas (todas) as músicas da Vivo Está. Contei com a ajuda de Márcio para cuidar da música e de Luciano para montar o filme. Além da ajuda – é claro! – de Zé. Ficou perfeito o trabalho. Tive estafa no final mas faria tudo de novo. Inesquecível. Tivemos de repetí-la ano passado.
– Cristo – A Luz – parece que esta é do grupo Prisma;
– Emanuel – Deus Conosco – um musical simples mas executado com uma especial unção;
– Pastores Venham Celebrar – Uma saudosa lembrança de tanta gente que não está mais aqui…
– Rei Glorioso – uma linda cantata escrita por meu amigo Luciano Belo, do Norte do País. Esta, cantamos com o coral da Igreja Batista Filadelfia na cidade de Jaguaquara. Interessante junção. Ensaiamos os dois corais separados: um numa cidade, outro na outra. E as apresentações foram emocionantes. Sinto saudades disso.
Fizemos também outras tantas cantatas e musicais ao longo de todos estes anos. Vou me lembrando os nomes e anotando aqui.
Com o coral infantil também fizemos muitas cantatas e musicais de natal. Particularmente eu prefiro trabalhar com crianças porque é muito engraçado, muito gracioso e mais tranquilo. Verdadeiramente me divirto com cada uma delas. Fizemos também muitas peças musicais para o dia dos pais, das mães, para a páscoa e tambem para o natal. Uma Mãe Pra Me Agradar (com a participação brilhante de Kêu, uma doce mulher que fez o papel da mãe na peça que acompanhou o musical), da Bênção Music; Meu Pai é um Amigão; Rei Diferente; Foi Assim (da Bênção Music), O Verdadeiro Dia das Crianças (com a participação maravilhosa de Zé e Sheila como os pais da peça) e outras tantas também. Eu amo coros infantis. AMO! Estou me devendo voltar a sentir esse grande prazer. Há dois anos tive o privilégio de trabalhar uma cantata com a CEMAR – Escola Maria Rosa, que é um espaço para Portadores de Necessidades Especiais. Contamos com a ajuda importante da Profª. Rafaela, uma linda jovem tradutora de LIBRAS – Linguagem Brasileira de Sinais. Tive como corista um menininho chamado Lucas, que não tinha pernas nem braços cantar com tanta alegria e – melhor – ser promovido para a escola regular (aquele menino vai longe! Ganhei meu natal!).
Wankleber Vitório, Cleyde Barros, Elienai Fonseca, Álvaro Silva foram pessoas importantes na minha formação musical.
Joe Edman, Clarindo Júnior, Cleyton Barbosa, Adriano Estevam, Gisane Monteiro, através do grupo Novas Criações, têm sua contribuição musical em minha vida.
Minha mãe Ita, meu pai Bené, minha irmã Vana e meu irmão Marcos, meu pastor Flordenísio Sampaio, a Primeira Igreja Batista e a Igreja Batista Sião nesta cidade também me ajudaram e ajudam a crescer muito. Com esse povinho bom, direta ou inderetamente com sua ajuda, fiz uns cursos de musicalização infantil, de teoria musical, participei de algumas oficinas de música etc. De música mesmo… não sei nada! Rs. Todo mundo sabe disso.
Eu sei que só reproduzo o que já existe. Não construo nada nem faço muita coisa diferente. Mas sinto uma alegria tão grande em poder compartilhar música de boa qualidade com tanta gente boa e que amo, que isso tudo, todo esse movimento, toda essa dinâmica se traduz em vida na minha existência e dá a ela um sentido especial. Sei que a música tem um enorme poder de alegrar pessoas, de presentear o coração. É isso que tenho feito, a começar pelo meu.
Eu sou uma pessoa privilegiada. Poder servir a meu Deus assim… hummm. Que de-lí-cia!

 

Obs.: A primeira foto foi tirada na apresentação da cantata Vivo Está, que realizei em 2015 com três igrejas aqui em Jequié (Primeira Igreja Batista, Igreja Batista Sião e Igreja Batista do Jequiezinho).

 

A segunda foto foi tirada no dia das Crianças, em 2014, na Igreja Batista do Jequiezinho.

Chove lá fora e aqui…

Dia oito é um dia muito especial e importante para mim.

Ontem choveu bastante nesta cidade. De casa para o trabalho eu pude verificar, mesmo sendo um percurso tão pequeno, algumas árvores (queridas árvores!) caídas e algumas ambulâncias indo de lá pra cá com aquele sonzinho que apavora.

Muita gente perdeu suas casas com a água, outras pegaram fogo. Quase sempre gente pobre que não tem onde se refugiar ou o que fazer em momentos assim. Resta-lhe buscar abrigo em alguma escola ou igreja até que o Estado ou a Prefeitura (será?) se compadeça da situação e tente resolver cada problema desse. Perder coisas e pessoas é muito ruim. É como perder seu referencial, seu endereço, algumas vezes a sua própria vida.

No mínimo, muitas pessoas hoje terão de contabilizar o prejuízo das fortes goteiras dentro de casa, dos móveis molhados, das paredes estufadas. Agora que o sol já saiu é olhar para traz e seguir em frente.

Um dia assim não dá pra ser comemorado.

Velha Infância…


Pra mim, uma das coisas mais bonitas da música Velha Infância, dos Tribalistas, é a simplicidade de sua poesia.
“Eu gosto de você e gosto de ficar com você…” Apenas coisas fáceis de viver. Sinceras para dizer ao outro. E coisas assim precisam ser ditas por que os dias são, de fato, maus.
Eu tenho várias pessoas das quais poderia dizer assim.
Tenho uma pessoa em especial que é parte de minha vida e quero escrever este texto para ela: minha irmã mais velha Ione.
Nem sei como começar… Há tanto para falar…
Ione é aquela pessoa assim: nunca deixou de ser criança. Sua alegria contagia a todos que estão à sua volta e sua sinceridade os assusta também. Ela é um misto de tudo de bom que se pode ter…
Ione é assistente social. Ela se preocupa verdadeiramente com os outros e sempre lhes dá dicas sobre como viver melhor, como resolver seus problemas, mesmo que seja só um calo no pé ou uma unha encravada. Rs. Só Ione mesmo.
Ela é linda, tem um cabelo de dar inveja. Olhos e cabelos cor-de-mel. Uma delícia de pessoa.
Filho de peixe, peixinho é. Seus filhos… hum… que pessoas ma-ra-vi-lho-sas.
Seu marido é um homem amigo, trabalhador, batalhador.
Sua casa é branquinha, cheia de detalhes preciosos. Um conforto e um refúgio incontestáveis.
Seus irmãos a amam.
Seus pais lhe admiram e fariam tudo por ela.
Ione é uma mulher completa. Especial.
E eu a amo muito.

Ana Eduarda ou João Marcos.

Ainda não sou mãe. Penso que não vou querer ser tão cedo. Mesmo assim, há um potencial de maternidade em mim que está acima de mim. Há muito gente de quem me sinto verdadeiramente mãe.
Veja que música linda. Não sei de quem é, mas é uma daquelas músicas que a gente ouve e fala: bem que eu devia tê-la composto: é minha cara:

…É. Valeu todo essa espera!
Pra mim foi muito mais do que sonhar
Foi mais que viver
Foi mais que esperar
Foi mais que sorrir
Bem mais que te amar
Foi mais que querer ouvir sua voz
– Herança do Senhor para nós…
Vida de minha vida
Alma de minha alma
Estrela cadente – presente de amor sem fim
Quero te ver crescendo
Cada vez mais sorrindo
Meu fiho amado – pedaço de mim.

É… valeu todo esse tempo
Enfim poder olhar pra teu olhar
E ver sem querer
Que é quase sem fim
Que tudo em você é um pouco de mim
E como é pra mim
Sim Deus há de ser
Exemplo e razão do meu viver…

Navegar é preciso…


Este fim de semana prolongado foi especial, dentre outros.
Eu, Joe, Tote, Rute, Giulia e Raquel fomos à Serra Grande, à casa de praia do Pr. Jess Carlos. Uma delícia!!!
Comemos carne na pedra – uma especialidade de um restaurante por lá. Vimos aquele lugar lindo, ma-ra-vi-lho-so e jogamos cancan (um jogo muito legal).
Curtimos bastante todos os momentos.
Mas na volta…
Chovendo muito, pegamos a estrada às 15:00 horas. Não víamos nada na estrada. A viagem seria vencida em 2:30 horas e gastamos oito horas para chegar em casa. Erramos o caminho, pegamos uma estrada desconhecida cheia de pneus deixados por lá. Talvez aquilo tenha sido idéia de bandidos para assaltar carros. Desta, nos livramos. A estrada era estreita e, com muita chuva, vimos uma fazenda no meio do caminho onde tinham uns pontos de luz. Entramos nesse caminho para fazermos o retorno e… o pneu trazeiro furou. Rute começou logo a chorar. Uma tragédia poderia acontecer. Não enxergávamos nada devido à forte chuva. Então, mesmo com o pneu furado, voltamos àquela fazenda pois ali havia luz e tentamos, na chuva, trocar o pneu. Nenhum êxito: o macaco caiu embaixo do carro, que ficou estacionado numa ladeira – não havia outro lugar mais seguro e iluminado por ali.
O macaco quebrou e ficou embaixo do carro. E se déssemos uma ré para tentar tirar o macaco de debaixo do carro? Joe fez isso. Com o carro só com as três rodas! Tote tentou tirar o macaco dali e não conseguiu. Os meninos então suspenderam com as mãos o carro e eu tirei, enfim, o instrumento que também ficou quebrado pelo peso do carro. Não havia apoio naquela terra molhada cheia de brita para trocarmos o pneu!
Rute chorava e estava desesperada. As crianças ficaram agitadas um pouco mas depois se tranquilizaram…
(Vale ressaltar que meu namorado Joe suspendeu sozinho o carro várias vezes. Rs).
Eu vi um ponto de luz na fazenda e comecei a gritar por ajuda até que as pessoas que estavam naquela casa se cansaram de mim e – talvez com muito medo – veio um homem nos ajudar. Trouxe uma tora bem grande que não resolveria muita coisa já que estávamos num ponto inclinado e aquilo ia sair rolando debaixo do carro, ladeira abaixo. Não ia funcionar. Pedimos a ele então umas tábuas para fixar melhor o macaco e, muito molhados, os meninos finalmente conseguiram trocar o pneu depois de quase duas horas e meia.
Voltamos os dezoito quilômetros que tínhamos viajado pelo caminho errado e, com orientação daquele homem da fazenda, em pouco tempo chegamos muito tensos e preocupados com a possibilidade de acontecer outro evento assim até a borracharia.
Fizemos a força do pneu, verificamos todos os outros e retomamos o caminho para casa.
Ontem foi um dos dias mais perigosos de minha vida.
Graças a Deus chegamos meia noite em casa, sem chuva (rs) sãos e salvos.
Que delícia!

“A gente era feliz e não sabia…”


Houve um tempo, em especial na adolescência, que tinha a certeza de que eu era uma das pessoas mais felizes do mundo.
O tempo foi passando e vieram muitas decepções. De modo particular o coração foi traído e se traiu tantas vezes que depois de tanto penar… conclusão: a vida ficou apática, meio sem brilho. Eu tinha a consciência de que estava num bom caminho, num processo especial de economias, de investimento para o amanhã e deixei de viver muita coisa…
Hoje, depois de alguns cursos na mãos, estabilidade profissional (doze anos de trabalho no mesmo lugar) embora não esteja exercendo a minha própria profissão – pedagogia – sinto-me feliz outra vez.
Meus pais se separaram e tive de lidar com todas as emoções que isso acarreta, inclusive o peso de me tornar dona de casa já que fiquei com meu pai, antes do tempo. Fiz uma graduação e uma especialização no mesmo período – loucura!
Além disso, tinha um coral infantil, um de jovens e outro de adultos sob minha responsabilidade. Eu era professora de escola bíblica. Se por um lado isso tudo é extremamente abençoador, no meu caso virou uma rotina obrigatória e algo para o qual meu corpo respondia sofrendo: tive estafa antes dos trinta anos. Pode?
…e ainda tinha uns namorados à distância. Veja: o que era pra me trazer alegria era, na verdade, uma saudade, uma dor a mais. Sempre uma tensão a mais.
Esse ano é meu ano! 2005 realmente veio mudando as coisas por aqui, dando-me uma qualidade de vida muito especial.
Pra começar: dia 08 de janeiro eu comecei a namorar com Joe.(Vou abrir outro parágrafo para falar dele. Rs):
Joe é uma pessoa riquíssima em toda a dimensão dessa palavra: ele sabe comer bem, ouvir coisas boas, gosta de filmes, de viagens e não tem horário pra nada. Todos os dias agora a gente acaba vivendo (apesar de alguns pequenos desencontros) novidades, surpresas… Temos conhecido muitos lugares especiais onde se pode comer coisas maravilhosas, desfrutar de música, de pessoas, de novos ares, sempre. Mesmo que seja na minha casa ou na dele. Imagine que até me envolvo com cozinha e já sei fazer alguns pratinhos especiais! Sem querer, Joe me levou a gostar de culinária e hoje, além de curiosa, vivo testando coisas, receitinhas e nos deliciamos com vinhos, pratos especiais…
Eu e Joe nos comunicamos num importante espaço intelectual. Nada além de alguns livros, música, cinema, teatro, comida, caminhadas, conversas. Tudo em nosso nível – que não está além do nível de ninguém. É apenas nosso espaço de vivência, de ser feliz.
Joe é de uma tranquilidade invejável. Uma profunda paz. Claro que às vezes isso nos faz até mal porque eu sou meio elétrica. Não entendo ainda muito bem como é que ele lida com seu tempo e discordo de alguns pontos – como é em qualquer história de amor… Depois de tudo a gente senta, conversa, trata o mal e se perdoa. E se curte e se gosta…
É realmente muita riqueza essa coisa de estar com esse homem ao lado.
Nunca – em toda a minha vida – assisti a tantos filmes, escutei tanta música. Nós dois ainda cantamos e tocamos (ele toca!) um para o outro e os dois, para Deus.
Essa é uma parte especialíssima nesse contexto!
É com Joe, com a graça de Deus, que começo a conhecer e viver coisas as quais nunca vivi. É ao seu lado que vou sorrindo, chorando, construindo esta nova etapa de minha vida. Talvez a gente não consiga ainda vislumbrar toda a dimensão dessa grandeza, visto que estamos dentro da história. De fora eu sei que veríamos muito melhor. Mesmo assim, é assim que isso tudo que se chama vida vai sendo tecida, construída, vivida. E tem alguma coisa melhor aí para os humanos?
Hoje eu sou muito mais feliz do que nunca fui.
Estou com mil planos, estou me formando em espanhol. Estou com a liderança do coral de jovens da Igreja Batista Sião para o natal 2005. Isso é bênção de Deus: é vida, é suor, é trabalho!
Estou com planos de fazer mestrado na UFBA ano que vem. Isso é mais uma realização na vida.
Faço hidroginástica – outra delícia.
Meu trabalho aqui no CREA é muito bom. Outra bênção.
Eu estou feliz.