Igual – Desigual

IGUAL – DESIGUAL

(Carlos Drummond de Andrade)

Eu desconfiava:
Todas as histórias em quadrinhos são iguais.
Todos os filmes norte-americanos são iguais.
Todos os filmes de todos os países são iguais.
Todos os best-sellers são iguais.
Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol são iguais.
Todas as mulheres que andam na moda são iguais.
Todos os partidos políticos são iguais.
Todas as experiências de sexo são iguais.
Todos os poemas em verso livre são enfadonhamente iguais.
Todas as guerras do mundo são iguais.
Todas as fomes são iguais.
Todos os amores iguais, iguais, iguais.
Iguais os rompimentos.
A morte é igualíssima.
Todas as ações, cruéis, piedosas, ou indiferentes, são iguais.
Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho ou coisa.
Ninguém é igual a ninguém. Todo ser humano é estranho e ímpar.

Foto

Vale a pena seguir…


Se depois de tudo
O que se sofreu
Ainda se consegue
Erguer o olhar
Solidificar a fé
Voltar a sorrir
E crer em dias mais claros
Que os dias de maio

Então se tem descoberto
O segredo do viver
O motivo de seguir
A força do existir
Ainda que seja outono

Mesmo que as folhas caiam
Que a beleza
Esteja no chão
Simbolizando a ausência
A saudade
A solidão…

Afinal tudo é efêmero
Exceto a alma da gente
Que pulsa, viva
Intensa, feliz
Cheia de esperança.

Viver é bom
Apesar da vida.

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O nada.

Em dias difíceis

Se busca paz e descanso.

Algum alívio para a alma

Para o corpo

A gente quer colo

Acalento

Alguém com abraço sincero

Presença silenciosa

Um apoio, um ombro

Uma mão para segurar.

Em dias difíceis

A gente insiste em não se esconder

Não entregar os pontos

Olhar bem firme

Pra ninguém perceber

Que as águas são turvas

E o orgulho de quem tinha certeza

Do caminho que optou

Feriu-se… quebrou…

Falaram que viver é fácil.