Penteadeiras, tunados e rebaixados…

Minha mãe costumava encher a penteadeira de nossa casa de coisas, frascos de perfumes (ainda que vazios), estojos para maquiagem, talcos, hidratantes etc.

Na época era elegante manter o quarto assim.

Uma penteadeira que era uma peça, normalmente de madeira, com espelho e algumas gavetas.

É provável que, naquela época, as pessoas se sentissem orgulhosas por terem condições de manter uma peça com tantos frascos e cores.

A gente se perdia ao ver tantas formas diferentes, além dos diversos perfumes.


Cada vaso daquele tinha uma forma específica
que, no conjunto, atraía e distraía o olhar das pessoas.

Eu me lembro de ter ficado horas me olhando refletida naquele espelho contornado por um tipo de madeira escura.

Há algum tempo ter coisas era tão importante que as pessoas se esforçavam para andar na moda, para não parecerem ‘caretas’, para estarem, de alguma forma, inseridas num determinado contexto social.

Hoje também é assim.

Neste último fim de semana foi promovido o Primeiro Campeonato de carros tunados e rebaixados de Jequié.

Eu saí com meu namorado à noite e, em todos os lugares onde estávamos, ouvíamos e víamos passar carros populares, mas com cores especiais, com sons muito potentes e rebaixados.

Alguns deles tinham neon por baixo e/ou dentro do porta-malas.

De uma forma geral a música era sempre uma espécie de arrocha. Depois escrevo o que penso desse tipo de música.

Eu ficava perguntando a noite inteira a Joe como era aquilo mesmo: carro rebaixado? Tunado?

E Joe ia tentando me explicar o que até agora eu ainda não entendi: os carros rebaixados não podem passar por ruas esburacadas, são extremamente sensíveis, passam por uma espécie de reforma pesada tendo as molas cortadas e os amortecedores também modificados.

“Tunar” um carro é uma forma de personalizá-lo. Rebaixar, também. Dar um aspecto pessoal ao seu móvel é elegante, sim.

Só que isso seria razoável se, no caso específico dos rebaixados, não tivéssemos ruas e rodovias tão cheias de buracos. Aqui em Jequié as ruas são mais parecidas com luas!

O outro aspecto que eu também gostaria de pontuar é que os proprietários dos veículos não me pareceram pessoas muito bem sucedidas financeiramente.

Perdoe-me se ofendo a alguém com essa afirmativa.

Tomara que a família desses senhores não sinta falta de suas necessidades essenciais já que o que se gasta com essas vaidades é verdadeiramente um absurdo.

Eu até tento compreender que algumas pessoas precisem mostrar às outras o que são a partir do que têm.


Talvez seja algum sentimento de inferioridade. Ainda não compreendi esse evento.

Não quero ser preconceituosa, mas ainda não percebi qual a função social do evento dos carros tunados e rebaixados.

Se alguém pode me esclarecer, por favor, me ajude!

Pés na Terra; olhos no universo.

Ontem vimos uma interessante reportagem sobre meteoros e sobre a possibilidade de a Terra ser destruída por uma colisão com asteróides de um ou dois quilômetros de diâmetro em breve.


Segundo o programa da TVE, a estrutura do asteróide definirá o tipo de estudo que se faz para evitar que o meteoro provoque uma catástrofe sem igual no nosso Planeta.


Por exemplo, se
o meteoro for composto de uma estrutura rochosa e densa, como nos filmes de Hollywood (Armagedon, por exemplo), poderá ser destruído com bombas atômicas imensas inseridas em seu interior, mas correremos o risco de sermos atingidos por uma tão grande chuva de pedras de fogo que não sobreviveríamos.


Uma outra alternativa que teríamos de evitar o choque entre o meteoro e a Terra, perpetuando-a assim, seria provocar uma explosão próxima ao meteoro. O campo produzido pela explosão forçaria o meteoro a se afastar um pouco da sua rota e, assim, estaríamos livres.


Mas se o asteróide for poroso? Essa tese não se aplicaria.


Conhecemos várias curiosidades a respeito desses objetos espaciais e suas particularidades.


Mas uma coisa me chamou a atenção: toda vez que se fala algo sobre essas descobertas e/ou formas de nos protegermos sobre tal evento há tanta descrença no meio científico que os sérios cientistas divulgadores desses critérios são considerados como loucos infantis e irresponsáveis, até que se prove o contrário.


Por exemplo, um deles precisou demonstrar ao vivo uma real colisão de um meteoro em Júpiter. Antes disso esse estudioso sofreu com as piadinhas de seus colegas quando afirmava que o fato poderia ocorrer com o Planeta Terra.


Depois outro tentou explicar que poderia enviar ao espaço uma engenhoca que, como um espelho, aquecesse um dos lados do possível asteróide que destruiria a Terra, afastando-o, assim, um pouco da sua rota.


Este último cientista também foi ridicularizado e todos buscaram refutar sua tese afirmando não haver nela nenhum sentido. Vale ressaltar que, em meio aos colegas de terno e gravata ele sempre aparece de camisetas e chapéu. Barbas, também, por fazer. É considerado como um estranho numa comunidade de intelectuais.


Estranho que sinaliza possibilidades e se firma, com o tempo, como verdadeiro em suas convicções.


Pouco depois de ter sido desprezado por seus colegas uma outra equipe de cientistas, outra equipe entra em contato com ele e afirma que sua descoberta já existia e estava em teste no espaço.


Parece curioso que todo novo invento ou nova descoberta desperte tanta rejeição mesmo entre pessoas tão esclarecidas e que deveriam estar preparadas, sempre, para o novo.


Há uma grande resistência no meio intelectual quando alguém se arvora com novas e diferentes afirmações.


“Hoje é natural ver notícias de que um meteoro gigante esteja em rota de colisão com a Terra, com impacto para daqui a 17 anos.”


Cientistas de vários países buscam a cada dia novas alternativas para tentar evitar o pior.


Enquanto isso nós, meros mortais, ficamos aqui no nosso cantinho observando que Vinícius de Moraes estava correto quando dizia que é das águas mais turvas que surgem as pérolas mais preciosas.


Também verificamos quão pequenos somos e não podemos adicionar um dia sequer à nossa tão efêmera existência. Mas mesmo assim ela pode ser vivida com alegria, persistência e graça.

Figura 1.

Figura 2.

Mais mulheres que homens?

Este mês se comemora o dia internacional da mulher.

Houve, de forma justa, muitas homenagens, flores, recadinhos, eventos, festa nesse dia.

Concordo plenamente que ser mulher é ter particularidades que inspiram ao mais rigoroso e poético dos românticos. Leveza, doçura, firmeza, maternidade.

Porém algo me intriga, especialmente quando estou em roda de amigos.

Os homens costumam se vangloriar afirmando que têm a mulher que desejarem à hora que quiserem. E eu sempre fico observando atentamente cada uma das suas afirmações machistas.

O argumento é, quase sempre, o mesmo: há menos homens que mulheres e já que estas não podem ficar sozinhas, basta uma cantada de leve e já se consegue o peixe fácil, fácil.

Dia desses intriguei um grupo de profissionais afirmando que, neste caso também, quantidade não significa qualidade. E que realmente é fácil conseguir ter nas mãos mulheres do tipo que eles têm comumente.

Parece machista meu posicionamento. Pode parecer. Mas aquele grupo ficou envergonhado e concordou comigo: o tipo de pessoa que conseguem facilmente não os satisfaz e, por isso, ficam fazendo experimentos aqui e ali, além de contarem com a amarga experiência das intermináveis comparações. Isso significa que estarão, a partir de cada novo contato, mais exigente, menos felizes.

Eu não estou, com isso, afirmando que de um modo geral as mulheres não valham muito. Ao contrário, quero defender a idéia de que comumente não se dão o devido valor.

Há indicações contrárias na sociedade mas ainda acredito que valores como auto-estima, verdade, beleza interior, riqueza intelectual, saúde emocional façam muita diferença nas pessoas nestes dias, como sempre foi.

Emancipação financeira dá à mulher uma certa desenvoltura, mas seu caráter pode ser moldado por outras vias que não necessitam necessariamente de dinheiro.

Firmeza emocional e leveza no jeito de ser também são itens imprescindíveis à formação de uma mulher amplamente segura de si. Esta pessoa será uma ótima companheira e, por certo, os homens a desejarão.

Desprezar toda e qualquer forma de preconceito, de grosseria também pontua um bom diferencial feminino.

Acredito que ser dona de si, saber o que quer, compreender que ela mesma pode mudar (e várias vezes) o rumo de sua própria história dá à mulher um toque de singularidade. Esta mulher não se subordinará a situações de infidelidade, constrangimento e/ou violência masculinas.

Sentimento de plenitude pessoal é algo que se conquista, muitas vezes e de muitas maneiras. Sobremodo em meio à dor. Mas é conquista diária da qual não se pode cansar.

Homens têm medo de mulheres assim. No entanto, contraditoriamente, preferem mulheres que andem sozinhas. Um homem raramente tem coragem de se aproximar de uma mulher que esteja num grupo de outras mulheres.

Estar sozinha fortalece nela a idéia de que ela mesma pode se satisfazer em vários aspectos. Necessariamente seu par chegará perto para compartilhar de uma felicidade já existente; não para fazê-la feliz.

Uma mulher que se reconheça e se respeite é conquistada por um custo de excelência.

Feliz o homem que estiver ao seu lado.

Eu, particularmente, ainda acredito que há poucas ‘mulheres’ no mundo.

Figura

Leito do Rio das Contas em Jequié – BA

Luz do sol que a folha traga e traduz
Em verde novo, em folha, em graça
Em vida, em força, em luz
Céu azul, que vem até onde os pés.
Tocam a terra e a terra inspira
E exala os seus azuis
Reza, reza o rio, córrego pro rio, rio pro mar
Reza a correnteza, roça, beira, doura a areia
Marcha o homem sobre o chão, leva no coração uma ferida acesa
Dono do sim e do não diante da visão da infinita beleza
Finda por ferir com a mão essa delicadeza
A coisa mais querida, a glória da vida.

                   (Luz do Sol - Caetano Veloso)



 
 

Boatos sobre a Barragem de Pedra.

Em pleno verão de 2007 e tem chovido tanto aqui em Jequié…

Os velhos comentários e o imaginário popular vêm à tona outra vez fazendo-nos relembrar os mitos sobre a nossa velha e necessária Barragem de Pedra.

Meu pai mesmo volta e meia me procura com os olhos arregalados falando: Ieda, a Barragem vai ‘pocar’! Rs. Claro que seu coração vive cheio do que as pessoas comuns falam por aí, especialmente em dias de intensas chuvas como esses.

Dizem também que quando isso acontecer à água vai atingir a cruz da Igreja Matriz. Isso significa que toda a cidade será invadida pela imensidão das águas e ‘não ficará pedra sobre pedra.”

Outro dia tive o prazer de conhecer o Sr. Antonio Jorge, funcionário da CHESFCompanhia Hidro Elétrica do São Francisco. Estávamos numa interessante conversa sobre aquela Barragem quando ele me falou de suas vivências como funcionário daquele lugar e da segurança daquela construção. Falou-me de fotografias e de alguns fatos ocorridos ali.

(Seu pai teria muito o que falar sobre a Barragem de Pedras, não é, Sr. Jorge? Rs).

Gentilmente esse profissional me concedeu algumas fotos. Pedi autorização para divulgá-las e ele também encaminhou a meu e-mail o texto abaixo.

Acredito que especialmente nesses dias de intenso medo (rs) vale a pena ler um pouco e aprender mais sobre esse tão importante monumento de nossa cidade:

“O Rio das Contas está situado na região sul do Estado da Bahia, desenvolvendo-se entre os meridianos 39º e 42º30’ e entre os paralelos 13º e 15º.

Seus formadores estão localizados nas encostas da Serra das Almas e da Chapada Diamantina, na contravertente de oeste encontram-se os tributários da região superior do médio São Francisco, na do sul, a bacia do rio Pardo e, na do norte, os rios Paraguaçu e Jequiriçá.

Em seu curso inicial o rio das Contas tem a orientação segundo a direção Norte-Sul, com ligeira inclinação para leste até a vila de Suçuarana, a partir daí, muda de rumo, seguindo a direção Nordeste até o povoado de Apertado do Morro. Daí até a cidade de Jequié, segue na direção geral Oeste Leste, e após, inverte na direção Sudoeste até sua desembocadura no oceano Atlântico, nas proximidades do lado norte da cidade de Itacaré.

O represamento do rio das Contas é feito por uma barragem de contrafortes, com 17,00m de largura na cabeça e 6,74m na alma, com altura máxima acima da fundação da ordem de 60 metros; o nível do represamento normal foi fixado na cota 219,00m enquanto que os níveis máximo excepcional e mínimo foram estabelecidos, respectivamente, nas elevações 231,30m e 208,00m. O desnível criado entre o nível do reservatório e o de jusante – cota 180,00m – é de ordem de 45,00m.

O vertedouro está localizado praticamente no corpo central da barragem de contrafortes, no talvegue do rio e é constituído por sete comportas do tipo segmento; suas dimensões são 9,00m de altura, 12,5m de largura e raio de 10,00 m. Sua capacidade de vazão é da ordem de 5.000m³/s, com reservatório na cota 228,00m, é de ordem de 8.000m³/s, com reservatório na cota 231,30m quando é admitida a sobrelevação de 3,30m para amortecimento da enchente. A dissipação de energia é feita através ¨roller buckets¨ dotados de blocos dissipadores no final da concha.

Ao lado do Vertedouro, em direção à margem direita, está a tomada d’água, constituída dos blocos N 10 e 11 contíguos a vertedouro; da tomada d’água partem os condutos de adução á turbina da casa de força; e outro para a descarga de fundo. A primeira alimenta uma turbina

Francis, vertical com potência unitária de 28.300 cv. A capacidade nominal do gerador é de 22.230 Kva.

Quanto ao leito do rio das Contas, as investigações geológicas constataram a existência de uma camada de areia fina fluvial, permeável, de espessura variável, chegando a atingir às vezes 10m. Essa camada estende-se entre as margens sobre camadas mais profundas de diversas formações gnáissicas.

1.2 BACIA DE ACUMULAÇÃO

Até a cidade de Jequié o rio das Contas possui seus contribuintes inteiramente situados na região abrangida pelo polígono das secas, os quais são na maioria de regime intermitente. Até Jequié, sua bacia hidrográfica compreende o chamado Alto rio de Contas e, entre os afluentes de ambas as margens, salientam-se o Santo Antonio, Brumado, Gavião, Sincorá, Ourives, Jacaré e outros, os quais, os quais em razão da grande área de drenagem que abrangem, proporcionam um regime acentuadamente irregular, com grandes variações de deflúvio.

Considerando, portanto, o regime fluviométrico bastante irregular, a regularização das descargas do Alto rio de Contas, seria feita por meio de um reservatório de acumulação adequado, o que é obtido pela implantação da barragem situada cerca de 18 Km a montante da cidade Jequié, no local denominado Pedra.

Tal reservatório permite, assim, o controle de enchentes que por vezes causaram prejuízos na área a montante da cidade de Jequié.

O volume total da bacia de acumulação é de 1.690 Km³, sua área total é de 105 Km² e seu volume útil é da ordem de 1484 Km³.

O vale do rio de Contas encontra-se na região das rochas cristalinas do “Escudo Precambiano Brasília”, na região leste do país, cortando praticamente em ângulo reto a orientação geral NE-SO das rochas cristalinas, aproveitando as fendas e fissuras transversais.

1.3 BARRAGEM DE CONTRAFORTES

A jusante do bloco 11 da barragem, que contém a descarga de fundo, existe uma bifurcação e tubulação dupla contendo as válvulas borboleta e dispersora.

2 COMPORTAS DO VERTEDOURO

2.1 – GENERALIDADES

O vertedouro é composto por sete comportas tipo segmento de 12,50m de vão, 9,70m de altura e 10,00m de raio. Giram em torno de munhões ancorados nos pilares na cota 224,18m. distante 7,45m do eixo da barragem.

Rolam lateralmente em guias embutidas nos pilares onde também se processa a vedação.

A viga da soleira, onde se apóia à comporta e se obtém a vedação, está na cota 218,544m.

As comportas de segmento bem como suas guias embutidas foram fabricadas pela Mecânica Pesada S.A.

A estrutura da comporta consiste em um tabuleiro em foram de segmento circular, composto por vigas verticais secundárias, apoiadas sobre duas vigas horizontais principais, que por sua vez transmitem os esforços aos braços laterais e estes aos munhões.

As comportas foram projetas para uma carga hidrostática de 9,46m.

As comportas de segmento pesam 40,0 T cada e a vedação é de borracha sintética composta de dois trechos laterais que se apóiam nas guias laterais dos pilares e um trecho inferior que se apóia na soleira.

Lateralmente, os tabuleiros possuem uma roda-guia de cada lado. Estas rodas rolam nas peças fixas embutidas nos pilares.

As guias das comportas de segmento, existentes nos sete canais do vertedouro, são compostas de duas partes laterais embutidas nos pilares com a linha de centro formando um arco de circunferência de raio 9,72m centrado no munhão e uma parte inferior compondo a soleira, na cota 218,544m.

Foram construídas basicamente em aço estrutural.

À distância entre as superfícies de vedação lateral é de 12,50m.”

Ufa! Depois de tantas informações, podemos concluir: a barragem, papai, não vai ‘pocar’.


Eles conheciam o mar

Barco, rede e experiência suficiente.

Fracasso total: não pescaram nada.

Instrumentos nas mãos de quem sabe.

Sempre alguém conhece mais.

Categorias: informar-se, conhecer e sabedoria.

Há mais mistérios entre o céu e a terra do que pensa a nossa vã filosofia. (Sheakspeare – Hamlet)