Para o alto e avante!


A gente tinha medo dos monstros do Robô Gigante. Até mesmo do próprio Robô Gigante a gente tinha medo. Ele e seus inimigos monstros eram grandes e feios. Especialmente feios.

Eu e marcos ficávamos durante o dia assistindo e pensando naquelas estórias daquele super-herói e íamos dormir com cruéis visões de luta e bichos feios na memória. Quando o último dos cinco filhos de nossos pais falava: “bênça, mainha; bênça, papai!” vinham aquelas imagens horripilantes em nossos pensamentos: os monstros viriam nos atacar… Ai que medo!

As luzes de nossa casa apagadas alimentavam ainda mais nossa criatividade. Marquinhos sempre teve a memória melhor que a minha e afirma até hoje que nem sempre fomos juntos pedir socorro na cama de nossos pais. Eu não acredito que eu ou ele tivéssemos coragem suficiente para atravessar toda a sala até a porta do quarto deles. E o medo deixaria? Eu não acredito! Certamente íamos lá juntos. Sempre juntos. Como fomos acender a luz do quarto juntos, há uns sete anos, quando já éramos adultos, com medo, depois que lhe confessei que eu tinha bruxismo. Mesmo já ‘grandinhos’, aos vinte e oito ou trinta anos de idade, ainda tínhamos (e temos) medo.

E nossa mãe dava sempre o ‘podem vir’, nos autorizando a entrar no quarto e dormir entre eles dois: papai e mainha. (Exceto se a porta do quarto estivesse trancada – aí não poderíamos bater ou sequer chamar!).

E eu passava a noite debaixo da barriga de papai… sem medo algum.

Obs.: “bênça, mainha; bênça, papai!” significam: “a bênção, mainha! A bênção, papai! Não podíamos dormir sem pedir-lhes a bênção.

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