Resiliência e Enchente de 1914

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(Fonte: http://tabernadahistoriavc.com.br/a-enchente-de-1914-e-a-chicago-baiana/)

Dizem os estudiosos que resiliência é a capacidade de reagir às agressões da existência.

É saber resistir às dores e perdas de um jeito criativo que lhe proporcione retomar a vida, dando a ela uma nova condição, um novo sentido.

E podemos ser resilientes quando vivemos uma situação potencialmente traumatizante. Uma dor, uma perda.

Penso nas inúmeras perdas e traumas vividos pela população jequieense na enchente de 14.

Há cem anos vivemos a maior catástrofe ambiental que destruiu cenário, frustrou famílias, entristeceu o coração de muita gente que viu morrer seus entes queridos, viu também suas coisas, móveis, imóveis, todos destruídos pela força avassaladora da água.

E agora? Como sobreviver à tão grande perda?

É basicamente esta a pergunta que fazemos quando algo rompe nossa rotina, quando a vida nos assalta com suas surpresas.

Se as novidades são boas, viva! Ainda assim, precisamos de um tempo para nos acostumar, para aprender a lidar com o novo.

No caso em questão, a enchente de 14, precisamos de muita resiliência. Precisamos reagir às agressões externas e, como cidade, perder sem se perder.

Comumente você sai de um obstáculo mais fortalecido. Mais corajoso. Você checa a sua força. Você aprende a resistir a este ou àquele trauma, lidando com ele de um novo jeito, com uma nova compreensão.

Elaboramos nossas dificuldades na vivência conosco mesmos e em companhia dos demais.

É no diálogo, no contar a sua dor, que você organiza melhor as ideias e, ao contrário de voltar a ser o que era antes, você dá um passo além de si mesmo. Cria uma nova realidade e enfrenta a vida de um novo jeito.

De forma criativa e enriquecedora, para dentro e para fora, para o eu-si-mesmo e para nossa querida Jequié, nossos antepassados conseguiram se refazer, reconstruir esse lugar amável e caloroso que se chama Jequié.

Superamos além da enchente de 14 muitas outras perdas e ganhamos com as dificuldades uma certa sabedoria para seguir, para não desistir e para criativamente levantar a cabeça e “dar a volta por cima”.

Chamo isso de força. Chamo isso de coragem e resiliência.

Devolvo de coração, à minha querida Jequié, meu amor incondicional de quem reconhece que aqui está meu primeiro espaço de possibilidades, assim como foi aqui que nossos queridos antepassados se refizeram, reconstruíram seus bens e se fortaleceram como pessoas humanas. Aqui eles elaboraram seus lutos e suas perdas.

É aqui que eu aprendo a ser gente. É aqui onde leio a minha própria história e me reconheço como capaz de, criativamente, como fizeram os antigos, tecer nossa vida com coragem e resiliência.

Viva Jequié!!!!

 

 

 

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